Rodolfo Costa , Vicente Nunes
postado em 11/01/2014 08:00
O servidor público André Santos Salvador, 35 anos, ficou os últimos dois meses em Miami, nos Estados Unidos, onde foi aprimorar o inglês. De volta ao Brasil, levou um choque: os preços de tudo o que costuma consumir no dia a dia tinham disparado. A começar pela gasolina. ;Sinceramente, não sei de onde o governo diz que a inflação está sob controle;, dispara. ;Nas lojas, nos supermercados, nos restaurantes, nos postos de combustíveis, a carestia é geral;, emenda.Salvador está coberto de razão. Apesar da promessa do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e da insistência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a inflação de 2013 seria menor que os 5,84% do ano anterior, o custo de vida mostrou que está muito longe de dar trégua às famílias. Somente em dezembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas inflacionárias, registrou alta 0,92%. Foi o pior dezembro desde 2002 e a maior taxa mensal a contar de abril de 2003. No acumulado do ano, a carestia cravou 5,91%, puxada pelos alimentos, que, com alta de 8,5%, provocaram um misto decepção e de pessimismo.
A disseminação dos reajustes é total. Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 69,3% dos produtos e serviços pesquisados pelo órgão apontaram aumento no último mês de 2013. O peso maior para o bolso dos consumidores, porém, veio do grupo transportes. As passagens aéreas subiram, em média, 20,13%, com picos em Fortaleza (30,48%) e em Salvador (31,74%). Já a gasolina apontou alta de 4,04% nas bombas, o dobro do projetado por especialistas, respondendo por 0,15 ponto percentual do IPCA. O preço do diesel saltou 4,9% e o do etanol, 4,8%. Os brasileiros não tiveram sossego nem com as passagens interestaduais de ônibus, em média, 1,3% mais caras. Não à toa, o setor de transportes, com elevação de 1,85%, garantiu, sozinho, 35% da inflação mensal.
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