Agência France-Presse
postado em 15/01/2014 16:55
A economia alemã registrou em 2013 o menor crescimento desde 2009, devido a um começo de ano difícil e um último trimestre sem fôlego, apesar da recuperação do consumo privado. O Produto Interno Bruto (PIB) da primeira economia europeia cresceu 0,4%, após 0,7% em 2012 e mais de 3% em 2011."Após uma fase de fragilidade no inverno passado, a economia alemã voltou a crescer de forma moderada durante o ano", explicou Roderich Egeler, presidente do Escritório Federal de Estatísticas (Destatis) em uma coletiva de imprensa em Berlim.
O frio e o longo inverno de 2012/2013 paralisaram alguns setores da economia, fazendo com que o primeiro trimestre tivesse crescimento nulo, embora no segundo tenha se recuperado (%2b0,7%), antes de desacelerar novamente no terceiro (%2b0,3%).
No último trimestre do ano, a tendência de queda foi mantida com um avanço do PIB de cerca de 0,25%. Os dados definitivos do crescimento para o último trimestre e para 2013 serão conhecidos no dia 14 de fevereiro e serão os mais baixos desde 2009, quando a crise econômica e com que a locomotora europeia perdesse 5,1% do PIB.
Além disso, o crescimento de 2013 está abaixo da média dos últimos dez anos (2002-2012), de 1,2%. Contudo, para o presidente da Destatis, a Alemanha está melhor que o resto da Europa, cuja atividade estagnou em 2013, e muito melhor que seus sócios do euro, que se contraíram 0,4%.
Sem considerar a evolução dos preços, o PIB da Alemanha subiu em 2013 a 2,7 trilhões de euros. Como a tendência aponta, a demanda interna está se transformando em um pilar da economia alemã, muito dependente, até pouco tempo, do poderio exportador.
[SAIBAMAIS]O consumo privado cresceu 0,9%, depois de 0,8% em 2012, enquanto as exportações aumentaram 0,6%, frente a 3,2% do ano anterior, menos que as importações (%2b1,3%).
Consumo, motor em 2014
"A contribuição do consumo foi decisiva para o crescimento" em 2013, declarou à AFP, Roderich Egeler, graças a um mercado de trabalho "muito robusto".
É a primeira vez desde 2009 e do começo da crise que o comércio externo da Alemanha não contribui para o crescimento da economia. Os investimentos caíram 2,2%.
Para Andreas Rees, analista do UniCredit, "os dados nos lembram qual foi a ;verdadeira; força da Alemanha no ano passado. Apesar de muitos no exterior ainda pensarem que o motor da economia alemã está nas exportações e se queixarem dos superávits comerciais, é exatamente o contrário o que aconteceu".
Os superávits alemães foram muito criticados no final do ano passado, em particular pelos Estados Unidos que espera que os alemães consumam mais para sustentar o crescimento de seus sócios. Inclusive Bruxelas iniciou uma pesquisa a respeito.
Segundo Johannes Gareis, economista da Natixis, o consumo privado continuará sendo o motor do país em 2014, graças a um "mercado de trabalho sólido, taxas de juros baixas e aumento salarial", enquanto as exportações continuarão tendo um "papel menor".
As previsões atuais apontam para uma líquida recuperação em 2014. O governo antecipa um crescimento de 1,7% e o Fundo Monetário Internacional (FMI), 1,4%.
Em 2013, as contas da Alemanha ficaram de novo no vermelho, com um déficit público de 0,1% do PIB, longe do pequeno superávit registrado um ano antes, segundo a Destatis.
Contudo, o governo alemão, que continua sendo o instigador do saneamento das finanças públicas, espera recuperar o equilíbrio fiscal a partir de 2014.