Economia

Primeiro-ministro Shinzo Abe defende as ambições do Japão em Davos

Ele participa nesta quarta-feira (22) uma audiência no Fórum Econômico Mundial, para defender a política de recuperação aplicada há um ano

Agência France-Presse
postado em 22/01/2014 15:52
Tóquio - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, defendeu nesta quarta-feira (22/1) em Davos seus esforços para restaurar o poderio da terceira economia mundial, em um fórum de líderes que começaram a abordar grandes temas como a espionagem em massa e a crise na Europa. Abe tem nesta quarta-feira (22) uma audiência privilegiada - chefes de Estado e de governo, ministros, diretores de multinacionais - no Fórum Econômico Mundial, para defender a política de recuperação aplicada há um ano, que busca tirar o arquipélago de duas décadas de escasso crescimento e deflação.

A doutrina popularizada nos círculos financeiros como "Abenomics" inclui um plano especial de gasto público, em particular em infraestrutura, uma política monetária generosa que facilite o crédito, e reformas estruturais. No momento, sua política permitiu reduzir o valor do iene em relação ao dólar, uma boa notícia para as exportações. Contudo, o crescimento ainda não foi retomado (0,3% no terceiro trimestre de 2013, muito abaixo de 0,9% do trimestre anterior), e o objetivo de conseguir uma inflação de 2% em 2015 se mostra ambicioso.

Também se espera que Abe se pronuncie sobre a delicada crise diplomática com Pequim, que irritou Tóquio ao decretar uma zona de controle aéreo no mar da China Oriental que inclui um arquipélago em disputa.

Críticas à espionagem em massa

Nos primeiros fóruns realizados nesta quarta-feira (22), voltou a ser abordada a crise da zona do euro, que segundo a nova projeção do FMI, terá um crescimento de apenas 1% este ano. A zona do euro está abalada por três grandes problemas: crescimento fraco, desemprego alto (12,1% em outubro) e uma inflação baixa que ameaça se transformar em deflação, um fenômeno de queda prolongada de preços, que desencoraja o consumo e o investimento das empresas.



O presidente da petroleira Total, Christophe de Margerie, não fez rodeios e disse que a "Europa deveria ser considerada como um país emergente", e não como um bloco desenvolvido. Margerie pediu para repensar todo o modelo econômico europeu e que se deixe de "fazer diferenças entre o sul e o norte da Europa, porque neste caso, a Europa está morta".

"As coisas parecem melhor do que são realmente, mas a Europa não está de volta", julgou em outro fórum, Axel Weber, presidente do conselho de administração do banco suíço UBS e ex-presidente do banco central alemão. Especialistas como o economista Kenneth Rogoff, de Harvard, destacaram a necessidade de continuar reduzindo o endividamento, flexibilizar o mercado de trabalho e combater o desemprego entre os jovens, que supera 50% em países como Espanha e Grécia.

"A Europa é uma região que não cuida de seu futuro", disse Rogoff, que teme que o Velho Continente perca toda uma geração se persistir o nível de desemprego tão alto entre os jovens. Outro dos grandes temas abordados nesta quarta-feira foi o problema da espionagem em massa, em relação ao escândalo das escutas da Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana.

Marissa Mayer, presidente do portal Yahoo, afirmou que os usuários de internet e as empresas do setor devem poder conhecer "que tipo de dados nos pedem e como esses dados vão ser utilizados". "O que foi visto em todo o mundo é o velho oeste", disse John T. Chambers, presidente da companhia de sistemas de informática Cisco. Segundo Mayer, as autoridades dos Estados Unidos já dão alguma informação a Yahoo! sobre o destino dos dados que coletam, mas é necessário que esta política se amplie à poderosa NSC.

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