Agência France-Presse
postado em 04/02/2014 19:35
Os Estados Unidos devem registrar sólido crescimento econômico de mais de 3% até 2016, acompanhado de uma queda do déficit, disse uma agência do governo nesta terça-feira.O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), um braço de análise não-partidário do Congresso, disse em seu último relatório que as políticas de gastos e impostos do governo federal não restringiriam o crescimento econômico tanto como em 2013.
Os governos locais e do estado devem aumentar seus gastos após vários anos de aperto do orçamento, disse o CBO. Em seu relatório, com a perspectiva econômica e orçamentária de 2014 a 2024, o CBO prevê crescimento do PIB de 3,1% este ano, 3,4% em 2015 e 2016.
Contudo, o crescimento pode cair a 2,7% em 2017 e continuar a desacelerar "a um ritmo bem abaixo da média vista nas últimas décadas", em grande parte, por causa de um crescimento menor da força de trabalho devido ao envelhecimento da população e uma inflação moderada abaixo de 2% pelos próximos anos.
Além de 2017, o CBO espera que o crescimento econômico diminuirá a um ritmo muito inferior à média das últimas décadas. O CBO projeta que a taxa de desemprego terminará este ano a 6,7%, inalterada em relação a dezembro de 2013, e cairá gradualmente, ficando abaixo de 6% em 2017. O relatório estima que a reforma da saúde do presidente Barack Obama, o Affordable Care Act, custará à economia, pelo menos, dois milhões de empregos nos próximos anos.
Leia mais notícias em Economia
Em suas últimas análises, o CBO projetava que o desemprego cairia em dois milhões em 2017, depois que as principais disposições da reforma, conhecida como Obamacare, entrarem plenamente em vigência, e subiria a 2,5 milhões em 2024.
"Algumas disposições aumentarão as taxas de impostos efetivas às receitas do trabalho e, por isso, reduzirão a quantidade de trabalho que alguns trabalhadores escolhem oferecer", apontou o CBO, levando alguns trabalhadores a escolher não estar empregados ou trabalhar menos horas.
O déficit orçamentário federal deve continuar a cair este ano e no próximo antes de subir ao longo da década. O déficit, que significou 4,1% do PIb em 2013, deve cair a 3% do PIB este ano, a U$514 bilhões, e a 2,6% em 2015.
Dívida cai, depois sobe
A dívida deve cair para 74% do PIB no final do ano e a 72% do PIB até 2017, mas então subirá, atingindo 79% do PIB no final de 2024.
A agência destacou que a dívida relativa ao tamanho da economia estava "muito alta" para os padrões históricos. Recentemente, como no final de 2007, a dívida representava 35% do PIB antes de os déficits orçamentários inflarem em meio aos gastos do governo para responder à crise financeira de 2008 e à profunda recessão.
"Esta grande e crescente dívida federal pode ter sérias consequências negativas, incluindo restringir o crescimento econômico no longo prazo, dando aos formuladores de políticas menos flexibilidade para responder aos desafios inesperados e, eventualmente, aumentar o risco de uma crise fiscal (na qual os investidores demandariam altas taxas de juros para comprar títulos da dívida do Tesouro)", disse o relatório do CBO.
O relatório foi publicado um dia depois de o secretário do Tesouro, Jacob Lew, alertar que a nação corria perigo de não pagar sua dívida no final de fevereiro se o Congresso fracassar em aumentar o teto da dívida.
Ele pediu ao Congresso para aumentar a capacidade de empréstimo até o final da semana, dizendo que o Tesouro deve esgotar as medidas extraordinárias para evitar o default no final do mês.
Na ausência de uma ação do Congresso, a suspensão temporária do limite da dívida vai expirar dia 7 de fevereiro, bloqueando o teto no total emprestado nesta data. A dívida atual dos EUA é de US$17,3 trilhões.
Adiar a ação "pode causar danos a nossa economia, atrapalhar os mercados financeiros e prejudicar os contribuintes", disse Lew em um discurso no Centro de Política Bipartidário na segunda-feira.
A batalha da dívida se agiganta esta semana em Washington, com republicanos pedindo que os cortes de gastos sejam vinculados à legislação sobre o teto da dívida e o presidente Obama insistindo que ele apenas assinará uma lei que não imponha condições.