Agência France-Presse
postado em 13/02/2014 16:13
O governo britânico e a oposição trabalhista concordaram nesta quinta-feira (13/2) que não deixarão que a Escócia conserve a libra esterlina se se tornar independente no referendo de 18 de setembro, como queriam os nacionalistas escoceses."Não há razão legal pela qual o restante do Reino Unido tenha que compartilhar sua divisa com a Escócia", disse Osborne em Edimburgo, antes de sentenciar: "Se a Escócia sair do Reino Unido, sai da libra esterlina", completou.
"O valor da libra não está no papel e a tinta que se usa para imprimi-la. O valor da libra está no sistema monetário que a sustenta", acrescentou Osborne, titular de Finanças do primeiro-ministro conservador David Cameron.
"É um sistema que se apoia na união política, na união bancária e nas transferências automáticas de gasto público por todo o Reino Unido".
"Um voto para abandonar o Reino Unido é um voto para abandonar essas uniões, essas transferências e esses acordos monetários", afirmou Osborne.
No dia 18 de setembro os escoceses decidirão em um referendo se ficam no Reino Unido ou optam pela independência, como desejam o governo regional de Alex Salmond e o Partido Nacional Escocês (SNP).
Em seus planos para uma Escócia independente, mencionados no livro "O futuro da Escócia", os nacionalistas afirmam que poderão conservar a libra e Elizabeth II como rainha, argumentando, no primeiro caso, que o Banco da Inglaterra é de todos os britânicos e que ficariam com a parte da dívida britânica que lhes corresponderia.
"Usar a libra proporcionará continuidade e segurança às empresas e indivíduos, e uma Escócia independente faria uma substancial contribuição à zona esterlina", disse o documento.
Contudo conservadores, liberais e trabalhistas britânicos - os dois primeiros governando na coalizão, o terceiro na oposição - expressou sua oposição à independência da Escócia e concentraram seus ataques na pretensão de uma união monetária.
O principal responsável econômico dos liberais, o secretário do Tesouro, Danny Alexander, escocês, disse nesta quinta-feira: "ninguém deveria votar a favor da independência assumindo que conservaremos a libra".
"Não é um blefe, não é uma intimidação, é um fato. As afirmações do SNP de que uma Escócia independente poderia, ou deveria, compartilhar a libra são pura ficção", afirmou Alexander.
"Uma união monetária deixaria o restante do Reino Unido altamente exposto aos riscos financeiros e fiscais de uma Escócia separada", argumentou Alexander.
O porta-voz econômico da oposição trabalhista, Ed Balls, se manifestou na mesma linha.
"Existe um problema intelectual fundamental para Alex Salmond. Quer romper com o Reino Unido e manter a libra embora suponha uma relação mais estreita com o Reino Unido. Não se pode ter tudo", disse à emissora de rádio LBC.
A concordância dos três grandes partidos britânicos se dá depois que o diretor do Banco da Inglaterra Mark Carney, uma figura considerada imparcial no debate, alertou que a união monetária não seria possível sem ceder em troca da soberania - na hora de elaborar o orçamento, por exemplo - como ocorre com o euro.
Os nacionalistas "são como a parte zangada de um divórcio litigioso. Contudo a libra não é algo que possa se dividir entre dois países após uma ruptura, como se fosse uma coleção de CDs", comparou Osborne.
Tradicionalmente os separatistas eram minoritários, mas a diferença cai à medida que se aproxima o referendo.
Uma pesquisa divulgada no fim de janeiro pelo jornal The Scotsman revela que 37% dos eleitores defendem a independência e 44% são contrários, com 19% de indecisos, o que significa um avanço de 5% dos separatistas desde setembro.