Agência France-Presse
postado em 14/02/2014 16:25
A economia da zona do euro, que cresceu um modesto 0,3% no quarto trimestre, parece se encaminhar pelo caminho da recuperação, apesar dos problemas persistem, sobretudo, o desemprego recorde e os riscos de deflação. Entre outubro e dezembro, o PIB da zona do euro avançou 0,3%, após ter caído 0,1% no trimestre anterior. A maioria dos analistas previa um crescimento de 0,2%."Pela primeira vez em três anos, as seis primeiras economias da zona do euro viram avançar sua atividade econômica: Holanda à frente (%2b0,7%), seguida pela Alemanha e Bélgica (%2b0,4% cada um)", disse Martin Van Vliet, economista do banco ING. A França, a segunda economia da zona do euro, cresceu 0,3% e na Itália a melhora foi mais modesta (%2b0,1%), mas o país voltou a crescer, pela primeira vez em oito trimestres de recessão e outro de estagnação.
A Espanha, quarta economia da zona do euro, também cresceu no quarto trimestre 0,3%, segundo dados ainda provisórios, mas no conjunto do ano a economia se contraiu 1,2%. Inclusinve na Grécia, o país mais afetado pela crise da dívida, a recessão foi menos rigorosa (-2,6%) que nos últimos anos.
Esta melhora generalizada se deve principalmente às exportações, sobretudo, as alemãs. Nos três últimos meses de 2013, "o impulso positivo veio, sobretudo, do comércio exterior", confirmou nesta sexta-feira o escritório alemão de estatísticas.
O motor do investimento
Também parece que o "motor do investimento foi colocado em prática, antecipando uma verdadeira recuperação cíclica na zona do euro", prevê Jean-Christophe Caffet, da Natixis. "É o caminho de uma recuperação clássica: primeiro a melhora das exportações, depois dos investimentos das empresas e se tudo for bem, o consumo privado em seguido", disse seu colega do ING.
O consumo continuou sendo muito limitado no final de 2013 e tem poucas possibilidades de melhorar a curto prazo, dado o nível de desempenho - que afeta 12% da população - e as políticas de saneamento das contas públicas, disse Tom Rogers, economista de Ernst & Young. No conjunto de 2013, a zona do euro registrou uma contração do PIB de 0,4%, um dado de acordo com as previsões da Comissão Europeia de outono. Muito atrasada em relação aos Estados Unidos, que cresceu 0,8% no quarto trimestre e 1,9% no ano.
O mesmo aconteceu na Grã-Bretanha, que no último trimestre cresceu 0,7% e 1,9% no conjunto de 2013. Para 2014, o Banco de Inglaterra (BoE) acaba de revisar sua previsão em alta e prevê que a economia crescerá 3,4%, longe do esperado 1% para a zona do euro.
Ameaça de deflação
Embora o pior parece que estar ficando para trás, ainda persistem numerosos riscos para a recuperação. Os analistas destacam as turbulências nos mercados emergentes, a força do euro e as provas de resistência dos bancos da zona do euro. Eles também apontam a deflação, sinônimo da queda de preços e salários e da própria atividade. "Com um PIB próximo de 3%, inferior a seu máximo de 2008", o risco é considerável, "em particular nos países mais frágeis", disse Jonathan Loynes da Capital Economics.
Menos espetacular que a inflação galopante, a deflação continua sendo perigosa, já que gera um círculo vicioso de que é difícil de escapar: diante da queda dos preços, os consumidores adiam suas compras, fazendo as empresas reduzir sua produção e acabam reduzindo os salários e até demitindo trabalhadores.
A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou recentemente sobre os "crescentes riscos" de deflação que "poderiam ser desastrosos para a recuperação", e pediu que se "combata esse monstro". Contudo esta análise não é compartilhada por todos. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, descartou este cenário. "Não há deflação na zona do euro", disse na semana passada.