O Standard & Poor;s reduziu em um nível a classificação de crédito do Brasil, nesta segunda-feira, justificando sua decisão pelos sinais pouco claros da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um frágil quadro fiscal, assim como pela desaceleração do crescimento do país.
A agência de classificação de risco rebaixou a nota do Brasil de "BBB" para "BBB-", o nível mais baixo para grau de investimento da dívida, e considerou a perspectiva "estável".
"A redução da nota reflete um conjunto de problemas fiscais, a perspectiva do cumprimento difícil das metas fiscais devido a um crescimento baixo nos próximos anos, uma capacidade limitada para ajustar sua política antes das eleições de outubro e algumas fragilidades nas contas externas do Brasil", destaca a agência.
Fatores estruturais e cíclicos estão por trás do panorama econômico, completou o S, que apontou para o baixo investimento - apenas 18% do PIB no ano passado.
"Combinados, esses fatores acentuam o pouco espaço de manobra do governo frente a choques externos", explicou.
Apesar da queda na nota para "BBB-", a dívida do Brasil permanece com grau de "investimento".
"O peso da dívida do governo em geral é alto, mas sua composição continua sólida (...) Esses fatores corroboram as classificações de baixo grau de investimento", justificou a agência.
A S alertou que, mesmo depois da eleição presidencial, não são fortes as perspectivas de que serão feitos os ajustes políticos necessários.
Apesar dos recentes cortes orçamentários, o governo terá dificuldade de atingir sua meta de superávit de 1,9% do PIB, dado o baixo crescimento, assim como as persistentes políticas de isenções fiscais.
[SAIBAMAIS]A S prevê crescimento de 1,8% em 2014, chegando a 2% em 2015. "Ainda esperamos que um amplo investimento do setor privado se mantenha apagado, considerando-se o sentimento negativo que persiste e uma atitude de ;esperar para ver; associada à eleição", completou a agência. Também contribuem para essa análise o risco de racionamento de energia e o impacto da acentuada alta nas taxas de juros em 2013.
O Brasil cresceu 2,3% em 2013, completando o terceiro ano de moderada expansão. Em 2012, a economia cresceu 1%, contra 2,7% em 2011, após o impressionante avanço de 7,5% em 2010.
Em fevereiro passado, o governo brasileiro anunciou um corte de gastos no orçamento de 44 bilhões de reais e reduziu sua previsão de crescimento do PIB de 3,8% para 2,5% em 2014.
O corte deve ajudar o Executivo a atingir a meta de superávit fiscal primário fixada em 1,9% do PIB em 2014.
Na segunda-feira passada, a Moody;s reduziu a nota da dívida Argentina de "B3" para "Caa1".