postado em 28/03/2014 15:05
O presidente da Eletrobras, José da Costa, disse nesta sexta-feira (28/3) que estudos feitos pela estatal indicam que será possível reverter o prejuízo de R$ 4 bilhões em 2013 em lucro em 2014. Isso porque parte dos gastos feitos pela empresa ao longo do período (cerca de R$ 6,3 bilhões) são de efeitos não recorrentes. Ou seja: não se repetirão ou, em alguns casos, serão revertidos, deixando de ser considerados gastos e passando a ser contabilizados como investimentos. E, sendo investimentos, poderão ser repassados à tarifas, resultando em lucro para a estatal.;Extraindo os efeitos não recorrentes passaríamos de um prejuízo de R$ 4 bilhões para um lucro de R$ 2,2 bilhões, em números redondos;, disse Costa. Dos R$ 6,3 bilhões não recorrentes, R$ 4 bilhões estão relacionados à geração e transmissão de energia, e R$ 2,3 bilhoes à distribuição, explicou o presidente.
Entre os lançamentos contábeis não recorrentes, ele citou o programa de incentivo ao desligamento de empregados, que resultou em gasto de R$ 1,7 bilhão, e os R$ 800 milhões em investimentos que, por ainda não terem sido reconhecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), acabaram sendo contabilizados como prejuízo.
Segundo Costa, 4.220 empregados deixaram a empresa, número que deverá chegar a 5 mil até o final do ano. ;O programa de desligamento de empregados é um gasto que não vai acontecer no ano que vem, porque a grande maioria deles saiu. Em 2014, além de não termos esse número [negativo, de R$1,72 bilhão], teremos o benefício de R$ 1,2 bilhão [valor positivo em termos contábeis], só com a economia que teremos com a redução da folha de pagamento;, acrescentou.
Outro exemplo de lançamentos não recorrentes citados por ele são ;os quase R$ 800 milhões que investimos em 2013 [e ao final de 2012] nos sistemas de transmissão, mas que estão em processo de reconhecimento pela Aneel;, disse.
;Como isso ainda não aconteceu, nosso auditor julgou que não poderia ser classificado como investimento. O que era despesa acabou entrando como prejuízo, mas a ser revertido nos próximos anos. Conforme esperamos, a Aneel vai reconhecer os valores e teremos o benefício de, ao voltar com o valor, passar de negativo para positivo. Será uma diferença de R$ 1,6 milhão;.
[SAIBAMAIS]Costa citou como fator relevante para a contabilidade negativa, os prejuízos registrados na usina térmica de CGTE, no Rio Grande do Sul. ;É uma das empresas que mais deram prejuízo, pelo grau de penalização que teve por não cumprir responsabilidades;, disse. A CGTE não tem fornecido 300 MW a que está obrigada por contratos. Gera, segundo Costa, cerca de 250 MW.
;A solução será mudar o contrato para 250 MW, mas com compromisso de 300. Os 50 restantes serão comprados da Eletronorte para repor a diferença. Com isso, os R$ 2,2 bilhões que teríamos em lucro [após a estatal recontabilizar os efeitos não recorrentes], seria maior se tivéssemos resolvido esse problema;, disse.
Costa apresentou o balanço da empresa, referente a 2013. ;Foram R$ 11,2 bilhões em investimentos. É o maior na história da Eletrobras. Até então, o recorde foram os R$ 9,8 bilhões investidos em 2012;, disse. Em 2014, a estatal pretende investir números mais ambiciosos: R$14,1 bilhões; e no período 2014-2018, o plano de investimentos é R$ 60,8 bilhões.
Em 2013, a empresa agregou 659 MW ao sistema elétrico. ;Em 2014, queremos agregar outros 2.205 MW;, disse. ;Essas são as partes relativas apenas à nossa empresa, descontadas as partes das parceiras;. Para o período 2014-2018, a estatal agregará 13.400 MW ao sistema. ;Isso significa que, direta ou indiretamente [contabilizando as empresas parceiras], serão mais 25.000 MW em um período que o Brasil crescerá 35.000 MW, o que mostra a importância da Eletrobras para o sistema;, acrescentou.
A empresa expandirá, em 2013, em 1.898 km as linhas de transmissão. Em 2014 serão 4.266 km; e, no período 2014-2018, 19.200 km. ;No caso da transmissão, em muitos projetos estamos sozinhos, mas no total também descontamos a parte das empresas parceiras;, informou Costa. A previsão é que, ao todo, a expansão de linhas no Brasil seja de 33.100 km no mesmo período.