Agência France-Presse
postado em 09/04/2014 16:35
Washington - O lento crescimento esperado para as economias da América Latina este ano pode afetar o ritmo do avanço social que na última década tirou milhões de pessoas da pobreza na região, afirmou o Banco Mundial nesta quarta-feira (9/4). "Com o tipo de crescimento que estamos tendo nestes anos, não podemos manter o ritmo de progresso social que tivemos nos anos anteriores", afirmou o economista-chefe do Banco Mundial para a região, Augusto de la Torre.[SAIBAMAIS]Apesar de expressar preocupação pelo "estancamento do progresso", ele esclareceu que não espera uma reversão das melhorias sociais alcançadas, que, a seu ver, são permanentes. A América Latina desfrutou, na última década, de taxas de crescimento próximas a 5% em média, mas se desacelerou para 2,7% em 2013. Para 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já anunciou que espera um recuo para 2,5%.
Ainda mais prudente, o Banco Mundial prevê um crescimento de 2,3%.
De la Torre se referiu à "desaceleração no ritmo de progresso social que pode ser uma fonte importante de tensões sociais e políticas e que pode levar os líderes políticos a conduzir mal a economia". Na última década, 70 milhões de pessoas alcançaram a classe média na América Latina, mas as expectativas da população não foram sempre satisfeitas em relação à qualidade dos serviços públicos, educação, ou segurança nos países.
Segundo De la Torre, o quadro baixo de crescimento tornará ainda mais difícil para o governo responder a essas demandas em curto prazo e pode ser um caldo de cultivo para políticas populistas, que já se mostraram insustentáveis no passado.
"Quando surgem pressões sociais novas, às vezes, os líderes políticos se esquecem da macroeconomia e fazem políticas que tendem a ser mais populistas e, nesse processo, fragilizam a capacidade estabilizadora da economia", explicou De la Torre à imprensa, em paralelo às reuniões do Banco Mundial e do FMI esta semana em Washington.