Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo e oposição se preparam para 1ª sessão de diálogo na Venezuela

O governador do estado de Miranda (norte) e líder opositor Henrique Capriles confirmou que irá à reunião



"A verdade é que as coisas não vão bem, e aqui precisa ter uma mudança", afirmou Capriles, derrotado por Maduro nas eleições de 14 de abril de 2013, por uma apertada margem de 1,5% dos votos.

Essa foi a menor diferença entre a oposição e o chavismo em uma eleição nos últimos 15 anos.

Representante do Vaticano estará presente

Nesta quarta, o governo venezuelano também convidou formalmente o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, para que seja "testemunha de boa-fé" do diálogo, junto com os chanceleres de Brasil, Colômbia e Equador, conforme combinado na reunião preparatória de terça-feira.

"Desejamos transmitir o convite do presidente Nicolás Maduro a Sua Santidade, o papa Francisco, com o propósito de que participe dos processos de diálogo entre representantes do governo e da oposição venezuelana, por intermédio da designação de sua pessoa como testemunha de boa-fé", declara o chanceler Elías Jaua em carta enviada a Parolin.

Parolin foi núncio na Venezuela antes de assumir como secretário de Estado. Sua presença na reunião foi uma das condições acertadas entre governo e oposição.

Na agenda a ser discutida, a MUD incluiu uma anistia para libertar pelo menos 100 pessoas detidas ao longo dos dois meses de manifestações. A oposição também espera que o governo aceite o "desarmamento sob supervisão internacional" dos chamados "coletivos", os grupos civis identificados com o governo.

Na terça à noite, Maduro deixou clara sua rejeição a ambos os pontos. "Aqui vai ter justiça, não vai haver impunidade. Tenham certeza disso (...) é a única forma de haver paz", disse ele sobre o pedido de anistia.

Sobre os "coletivos", o presidente negou que estejam armados e insistiu em denunciar uma campanha de desprestígio.

Como prioridades do governo, Maduro antecipou que proporá a retomada da luta contra a criminalidade e o estímulo a um plano de desenvolvimento econômico.

Esse primeiro acordo MUD-governo foi rejeitado por um setor da oposição, principalmente, do partido Vontade Popular. Seu líder Leopoldo López está preso há quase dois meses, acusado de promover a violência nas manifestações.

Os protestos da oposição começaram em 4 de fevereiro, por iniciativa de estudantes de San Cristóbal, no estado de Táchira (oeste), e se espalharam por várias cidades no país.