Jornal Correio Braziliense

Economia

Governo e cooperativas discutem Plano Estadual de Economia Solidária

Entre as demandas apresentadas pelo mercado de economia solidária estão maior acesso ao crédito e incentivos

Representantes de cooperativas e empreendimentos ligados à economia solidária se reúnem nesta terça-feira (10/6) e na quarta (11/6) para discutir e elaborar um plano estadual para o setor, que será levado a Brasília em novembro. A partir das sugestões dos estados, o governo federal vai formular um Plano Nacional de Economia Solidária.

"O plano que vamos desenvolver aqui é embrionário, é uma politica que a gente vai submeter a Brasília, como outros estados, para depois sair um plano nacional. Evidentemente, esse plano nacional não é fixo, é adaptável em cada estado dependendo da suas especificidades", disse o secretário de Trabalho e Renda do estado do Rio, Sergio Romay.

Entre as demandas apresentadas pelo mercado de economia solidária estão maior acesso ao crédito e incentivos. "Temos uma parceria forte com Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] e e vamos à AgeRio [Agência Estadual de Fomento do Rio], com o objetivo de buscar mais recursos para implantar na economia solidária. O que a gente quer é dar a maior formalidade possível, legalizar e criar mais cooperativas", disse o secretário.


Ao longo de dois dias, mesas específicas de cada área vão elaborar propostas para o plano. Entre março e abril deste ano, oito encontro regionais já haviam dado início à discussão.

A artesã Anastácia Nicácio, de 48 anos, conta que a principal dificuldade é depender de outras lojas para vender seus produtos. Junto com quatro vizinhos de São João de Meriti, ela trabalha com materiais recicláveis como lonas, garrafas pet e encartes para a produção de bolsas, acessórios e enfeites.

Os produtos são vendidos no atacado para lojas da zona sul, que cobram preços muito maiores ao repassá-los aos consumidores. "Se tivéssemos um lugar gratuito para vender nossos produtos, seria muito melhor. Como dependo das lojas para vender no atacado, elas acabam comprando barato e vendendo três vezes mais caro", comparou.

Já Aracina Ferreira, de 63 anos, também artesã, reclama da dificuldade de conseguir um empréstimo para construir uma oficina nova. Ela e as filhas trabalham há cinco anos na comunidade de Manguinhos, na zona norte do Rio, transformando materiais recicláveis em bandejas, bonecas, enfeites e outros objetos.

Mesmo com essa dificuldade, ela se orgulha de trabalhar com economia solidária. "Estou muito melhor agora do que quando era babá e enfermeira. Ganho muito mais e vendo meus produtos em lojas e feiras".

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, a economia solidária se baseia na autogestão comunitária, em atividades que geram renda de forma social e ambientalmente responsável.