Jornal Correio Braziliense

Economia

Mudanças climáticas causarão forte impacto na economia dos EUA, diz informe

Com base nas tendências atuais, entre US$ 66 bilhões e US$ 106 bilhões em propriedades à beira-mar ficarão submersas até 2050, um prejuízo que pode chegar a US$ 507 bilhões até 2100

Os Estados Unidos terão de enfrentar custos econômicos importantes decorrentes das mudanças climáticas, que incluem perdas maciças de propriedades pelo aumento do nível dos mares em algumas regiões e significativas reduções no rendimento de cultivos, alerta um informe bipartidário publicado nesta quarta-feira em Nova York.

Contando com o apoio dos ex-secretários do Tesouro americano Henry Paulson e Robert Rubin, entre outros, o documento "Risky Business" (Negócio arriscado, em tradução literal) destaca que o custo de adiar uma política americana para o aquecimento global vai variar, segundo a região.

Com base nas tendências atuais, entre US$ 66 bilhões e US$ 106 bilhões em propriedades à beira-mar ficarão submersas até 2050, um prejuízo que pode chegar a US$ 507 bilhões até 2100, advertiram os autores do informe. Os piores prognósticos são para a costa leste e para o litoral do Golfo do México.



Além disso, o calor mais extremo vai pesar na economia. Em meados do século, estima-se que o americano médio viverá entre 27 e 90 dias acima dos 35;C a cada ano, duas ou três vezes mais do que a média dos últimos 30 anos.

Essa mudança afetará a produtividade na construção, na agricultura e em outras atividades ao ar livre. O impacto será pior no sudoeste, no sudeste e em setores norte do Meio-Oeste, onde explodirá a demanda por ar condicionado.

Segundo o documento, dias mais quentes também poderão afetar o rendimento anual de 50% a 70% das colheitas de milho, de algodão, de soja e de trigo no sudeste do país, nas Grandes Planícies e no Meio-Oeste, sobretudo.

O impacto poderá afetar, especialmente, os pequenos produtores, acrescentou o informe, apresentado por Paulson, pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg e pelo ativista multimilionário Thomas Steyer.

"As empresas americanas deveriam ter um papel ativo, ajudando o setor público a determinar qual é a melhor forma de reagir diante dos riscos e custos trazidos pelo aquecimento global e como definir regras que farão o país avançar em uma direção nova e sustentável", destacou o texto.

O informe recomenda que se implemente uma política nacional mais estrita para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa e que se adotem medidas de adaptação ao aquecimento global. Não apresenta, porém, nenhuma proposta específica, ou debate sobre aspectos controversos, como o oleoduto Keystone.