Economia

BC: crescimento da economia abaixo do potencial ajuda no combate à inflação

O diretor do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, informou que o consumo do governo deve recuar

postado em 26/06/2014 16:15
A economia está crescendo abaixo do seu potencial, o que ajuda a controlar a inflação, avaliou nesta quinta-feira (26/6) o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo. Segundo ele, a economia está passando por um processo de transição e uma das características desse rebalanceamento é a moderação no consumo das famílias. Com a menor demanda, há menos pressão inflacionária. ;Por algum tempo, a economia vai ter taxa de crescimento menor do que tínhamos há alguns anos, provavelmente abaixo do potencial;, disse Araújo.

O diretor acrescentou que o consumo do governo também deve recuar. ;Isso ainda não está tão claro, mas acredito que neste período de transição nós vejamos uma moderação no consumo do governo;, destacou.

De acordo com o Araújo, com esse ajuste na economia, deve haver ampliação dos investimentos em ritmo maior do que a expansão do consumo. ;É um consumo ocorrendo a uma velocidade menor do que o investimento. Seria o consumo andando e o investimento correndo;, comparou.

O diretor não estimou quanto tempo vai levar esse processo de transição. ;A velocidade que isso vai acorrer vai depender do fortalecimento da confiança das famílias e das firmas.;

No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje, o BC revisou a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos, de 2% para 1,6%, este ano. O BC também revisou a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014, que subiu 0,3 ponto percentual para 6,4%, mais próxima do limite superior da meta (6,5%).

Segundo Araújo, a alta da taxa básica de juros, a Selic, afeta primeiramente a atividade econômica e depois a inflação. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. A Selic passou por um ciclo de nove altas seguidas, até abril, quando foi ajustada para 11% ao ano. Em maio, o Copom decidiu interromper o aperto monetário, com manutenção da taxa básica em 11% ao ano.

;Isso é um ajuste monetário importante [aumentos da Selic]. Todas as evidências de que dispomos apontam que esse impulso monetário continua se propagando normalmente na economia como esperado. Não temos nenhuma evidência de que a potência da política monetária diminuiu;, ressaltou.

O diretor acrescentou que está havendo um alinhamento de preços domésticos aos externos, e dos administrados, que cresciam em ritmo menor, aos livres.
Araújo também citou que há moderação no mercado de trabalho, o que deve reduzir as pressões de custos com salários.

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