postado em 05/07/2014 06:00
Firme na promessa de não estourar o teto da meta de inflação neste ano, de 6,5%, o Banco Central decidiu recorrer a arsenal e tanto para conter a alta do dólar. Desde o ano passado, diante da ameaça de que a retirada de estímulos ; economia dos Estados Unidos pudesse deflagrar uma fuga de capitais de países emergentes, especialmente do Brasil, a autoridade monetária passou a fazer intervenções diárias no mercado de câmbio, e o governo recorreu a uma série de medidas tributárias para diminuir o risco de o país sucumbir às pressões internacionais.
Do fim de agosto de 2013 até agora, o BC já desovou US$ 73,2 bilhões no mercado futuro de câmbio por meio de complexas operações. Para travar a cotação do dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,25, ofereceu contratos de swap, que totalizaram US$ 61,7 bilhões. No mercado à vista, operou com a ajuda dos bancos, disponibilizando empréstimo em dólares com compromisso de recompra (leilões de linha), num total de US$ 11,5 bilhões, prática que resulta na queda dos preços da divisa dos EUA.
Contabilizadas todas as operações no mercado de câmbio realizadas em 2013 e as previstas até o fim de 2014, o BC lançará mão de um pacote de até US$ 100 bilhões. Apenas para se ter uma ideia da dimensão das medidas, todo o aparato usado para debelar a crise externa de 2002 não chegou a um terço desse valor. Naquele ano, o risco de que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República pudesse levar o Brasil a declarar o calote da dívida externa fez a moeda norte-americana bater em R$ 4. Para conter os estragos da crise, o BC teve de torrar US$ 40 bilhões das reservas internacionais, o que reduziu drasticamente o colchão de proteção do país.
Não é à toa, portanto, que a autoridade monetária está agindo. No primeiro semestre deste ano, o fluxo de dólares para o país diminuiu 64% em relação ao mesmo período do ano passado ; de US$ 8,9 bilhões para US$ 3,2 bilhões . Sem a autoridade monetária atuar tão fortemente, a cotação da divisa dos EUA no Brasil estaria em patamar muito superior ao atual, segundo analistas do mercado, pressionando com vigor a inflação.
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