postado em 12/07/2014 07:00
A ameaça de que o país mergulhe na recessão, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) com risco de aumento do desemprego, levou os bancos a se precaverem. Além de reduzirem a oferta de crédito, com medo de uma onda de calote, as instituições financeiras, inclusive as controladas pelo governo, estão pesando a mão sobre os juros, principalmente nas operações de maior risco. Para se ter uma ideia desse movimento, enquanto a taxa básica de juros (Selic) aumentou 3,75 pontos percentuais desde abril de 2013, de 7,25% para 11% anuais, o custo médio do cheque especial saltou, no mesmo período, 25 pontos, de 136,8% para 161,8% ao ano, segundo o Banco Central. Ou seja, seis vezes mais.Essa desproporção se repete no cartão de crédito, conforme coleta realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Em abril do ano passado, a taxa média dessa modalidade de pagamento estava em 192,94% anuais. Em maio último, o custo subiu para 232,12%, ou 39 pontos a mais. Nos financiamentos de automóveis, os bancos foram um pouco mais comedidos e elevaram os juros em nove pontos, o dobro da Selic, de 68,25% para 77,22% ao ano. Somente no crédito consignado os encargos aumentaram menos que a taxa básica da economia ; dois pontos, de 24,34% para 25,52% ao ano ;, devido, principalmente, às operações realizadas com servidores públicos, que têm renda e emprego garantidos. Quer dizer, o risco de perda é praticamente zero.
;Não há escapatória. As famílias estão endividadas demais e quase sem margem para tomar mais empréstimos. A renda e o emprego já não crescem como no passado, limitando o ingresso de novos clientes no sistema financeiro. Se o desemprego aumentar, certamente, a inadimplência aumentará;, disse o executivo de um grande banco. ;Então, não há como esperar aumento dos empréstimos e dos financiamentos e como se falar em queda dos juros. Se há uma tendência, é de alta das taxas, para cobrir possíveis perdas;, acrescentou.
Diante desse quadro, os analistas não veem qualquer possibilidade de o crédito voltar a impulsionar o consumo das famílias e, por tabela, o PIB. Eles destacaram que períodos como os anteriores a 2008, quando o mundo entrou em colapso devido ao estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, não voltam mais. As operações cresciam a taxas superiores a 30% ao ano. Agora, o avanço das concessões de empréstimos e financiamentos com recursos livres é de apenas 5,7%. Descontada a inflação, que nos 12 meses até junho chegou a 6,52%, o crédito encolheu. Para completar, o calote, que caiu até 2013, voltou a subir neste ano.
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