Jornal Correio Braziliense

Economia

'Argentina quer negociar, mas em condições justas', diz ministro do país

Negociações entre governo do país vizinho e fundos especulativos não avançam e elevam perspectiva de calote na próxima semana

A decisão do juiz norte-americano Thomas Griesa para que os credores de títulos soberanos da Argentina sejam pagos em sua totalidade ;é impossível de cumprir;. O alerta foi dado ontem pelo ministro da Economia do país vizinho, Axel Kicillof. ;A Argentina quer negociar, mas em condições justas;, ressaltou ele, durante a abertura do Conselho de Administração do Banco del Sur, em Buenos Aires. Ontem, a comitiva argentina se reuniu por cerca de uma hora com o mediador Daniel Pollack, depois de um encontro sem avanços na última quinta-feira.

O governo da presidente Cristina Kirchner reiterou a opinião de que a falta deve-se só à negligência dos fundos contrários à reestruturação da dívida em 2005 e 2010. O juiz do processo também é criticado por ameaçar acordos firmados com a maioria dos credores. Com essas declarações, as negociações em Nova York entre a Argentina e os fundos especulativos no caso dos títulos em moratória da dívida soberana continuavam estagnadas, com a perspectiva cada vez mais próxima de uma possível moratória na semana que vem.

Em uma corrida contra o tempo, o governo argentino afirmou mais uma vez ser vítima de uma extorsão judicial promovida por esses fundos, que chama de ;abutres;, garantindo que continuará pagando sua dívida reestruturada apesar da decisão de Griesa, que bloqueia desde 27 de junho o dinheiro para os pagamentos nos Estados Unidos. O NML Capital e outros fundos especulativos têm sentença do juiz a seu favor, ratificada pela Suprema Corte norte-americana, com um valor total de US$ 1,33 bilhão pelos títulos da dívida soberana argentina declarada suspensa em 2001.

Griesa bloqueou um depósito de US$ 539 milhões da Argentina em um banco de Nova York para pagar parte de sua dívida reestruturada, exigindo que o pagamento simultâneo fosse feito aos reclamantes na Justiça. Se o pagamento aos credores que aceitaram a renegociação não for efetuado até o término do prazo de carência, em 30 de julho, o país poderá entrar em moratória técnica. A situação é diferente do colapso vivido pelo país no fim de 2001, mas pode gerar consequências imprevisíveis para a economia do país vizinho.

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