Antonio Elias, Agência France-Presse
postado em 28/07/2014 14:37
Buenos Aires - A Argentina declarou a maior moratória da sua história em 2001, em meio a uma grave crise econômica e social. Na quarta-feira (23/7), parte dos credores esperam receber o pagamento dos juros dos bônus reestruturados após a crise de 2001. Entretanto, a decisão de um juiz norte-americano bloqueia os depósitos já enviados pela Argentina a um banco em Nova York, o que poderia provocar uma nova moratória da terceira maior economia da América Latina, neste caso, não declarada pelo país.
Em 1999, a crise financeira mundial iniciada em 1997 abala a Argentina, que entra em recessão. Para atender às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo adota uma série de planos de austeridade e os aumentos de impostos se multiplicam. Várias greves gerais tomam conta do país. No começo de 2001, para conter a corrida bancária e impedir a quebra dos bancos, o ministro da Economia Domingo Cavallo, idealizador da paridade peso-dólar instaurada em 1991, ordena o congelamento dos depósitos: cerca de 70 bilhões de dólares.
Em um gesto desesperado após os saques dos poupadores que somaram 22 bilhões de dólares em menos de três meses, Cavallo decide que durante 90 dias os saques diários não poderiam ultrapassar os 250 pesos (250 dólares na época). Este limite desencadeia violentos protestos reprimidos pela polícia, deixando 33 mortos. Os supermercados são saqueados e a população manifesta sua revolta com "panelaços".
Em 19 de dezembro, diante da convulsão social, o presidente Fernando De la Rua decreta estado de sítio. No dia seguinte, cercado por milhares de manifestantes reunidos na Casa Rosada, De la Rua assina sua renúncia e abandona a sede de governo de helicóptero. No dia 23, o presidente interino Adolfo Rodriguez Saa declara a maior moratória da história, de 100 bilhões de dólares, incluindo taxas de juros, e renuncia uma semana depois.
O também peronista Eduardo Duhalde, quinto presidente em quase duas semanas, decide desvalorizar o peso (que chegou a cair 70%), dando fim à paridade no câmbio. Nos anos seguintes à crise, a Argentina recupera com dificuldades o crescimento. Os ativos dos poupadores são fortemente desvalorizados, com um peso que passa a valer um terço do dólar.
Os credores da dívida argentina recebem várias propostas, chegando finalmente a um acordo em 2005 que prevê uma redução de aproximadamente dois terços do montante da dívida. Em abril de 2010, o governo faz uma nova proposta aos credores que haviam rejeitado o acordo de 2005, cerca de 25% do total.
Os fundos especulativos -chamados "abutres" pelo governo argentino porque compraram a dívida já em default- recusam as ofertas de Buenos Aires para reestruturar a dívida de 2001 e exigem o pagamento integral de 1,33 bilhão de dólares devidos pelo país. Eles recebem uma decisão favorável em uma corte de Nova York em 2012, que foi referendada por um tribunal de apelação. A Suprema Corte dos EUA nega o pedido da Argentina para analisar o caso.
Em 1999, a crise financeira mundial iniciada em 1997 abala a Argentina, que entra em recessão. Para atender às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo adota uma série de planos de austeridade e os aumentos de impostos se multiplicam. Várias greves gerais tomam conta do país. No começo de 2001, para conter a corrida bancária e impedir a quebra dos bancos, o ministro da Economia Domingo Cavallo, idealizador da paridade peso-dólar instaurada em 1991, ordena o congelamento dos depósitos: cerca de 70 bilhões de dólares.
Em um gesto desesperado após os saques dos poupadores que somaram 22 bilhões de dólares em menos de três meses, Cavallo decide que durante 90 dias os saques diários não poderiam ultrapassar os 250 pesos (250 dólares na época). Este limite desencadeia violentos protestos reprimidos pela polícia, deixando 33 mortos. Os supermercados são saqueados e a população manifesta sua revolta com "panelaços".
Em 19 de dezembro, diante da convulsão social, o presidente Fernando De la Rua decreta estado de sítio. No dia seguinte, cercado por milhares de manifestantes reunidos na Casa Rosada, De la Rua assina sua renúncia e abandona a sede de governo de helicóptero. No dia 23, o presidente interino Adolfo Rodriguez Saa declara a maior moratória da história, de 100 bilhões de dólares, incluindo taxas de juros, e renuncia uma semana depois.
O também peronista Eduardo Duhalde, quinto presidente em quase duas semanas, decide desvalorizar o peso (que chegou a cair 70%), dando fim à paridade no câmbio. Nos anos seguintes à crise, a Argentina recupera com dificuldades o crescimento. Os ativos dos poupadores são fortemente desvalorizados, com um peso que passa a valer um terço do dólar.
Os credores da dívida argentina recebem várias propostas, chegando finalmente a um acordo em 2005 que prevê uma redução de aproximadamente dois terços do montante da dívida. Em abril de 2010, o governo faz uma nova proposta aos credores que haviam rejeitado o acordo de 2005, cerca de 25% do total.
Os fundos especulativos -chamados "abutres" pelo governo argentino porque compraram a dívida já em default- recusam as ofertas de Buenos Aires para reestruturar a dívida de 2001 e exigem o pagamento integral de 1,33 bilhão de dólares devidos pelo país. Eles recebem uma decisão favorável em uma corte de Nova York em 2012, que foi referendada por um tribunal de apelação. A Suprema Corte dos EUA nega o pedido da Argentina para analisar o caso.