Economia

Indústria recua pela quarta vez consecutiva e derruba o PIB

Setor cai 6,9% em junho em relação ao mesmo período de 2013. Crise no país vizinho, principal comprador de manufaturados brasileiros, pode causar redução de até 0,2 ponto percentual no crescimento do Brasil. Governo minimiza efeito

postado em 02/08/2014 08:00
A indústria brasileira parece afundar cada vez no atoleiro. Há quatro meses consecutivos a produção nas fábricas só encolhe, refletindo a escassez de pedidos dos lojistas e o colapso de confiança que abarca tanto empresários quanto consumidores. O baque maior foi sentido em junho, quando a produção recuou 1,4%, o pior resultado desde dezembro passado. Na comparação com o mesmo mês de 2013, o tombo foi ainda maior: 6,9%, o mais baixo desempenho desde setembro de 2009, ano em que o país ainda tentava vencer a primeira fase da crise econômica mundial.

São números ruins e que podem piorar. Em um relatório divulgado a clientes, o economista-chefe para Mercados Emergentes da gestora de fundos Capital Economics, David Rees, chamou a atenção para os desdobramentos do possível calote da Argentina, e as consequências desastrosas para a economia brasileira, em especial para a indústria. Nos cálculos dele, o agravamento da crise no país vizinho, um dos grandes compradores de produtos manufaturados brasileiros, poderia reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em até 0,2 ponto percentual. Isso em um ano em que há analistas prevendo uma alta de apenas 0,5% da economia. Para a produção industrial, as apostas são de um desempenho ainda mais frustrante, com queda de até 1,5%.



Sem solução
Não por outro motivo, ao olhar os números da indústria, o ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central Alexandre Schwartsman chegou a uma conclusão estarrecedora: mesmo com toda a ajuda dada pelo governo ao setor nos últimos anos, ao desonerar a folha de pagamento dos trabalhadores e cortar tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a compra de carros, geladeiras e móveis, a indústria só afundou. Nos 12 meses até maio, o nível de produção nas fábricas ficou 1% abaixo do patamar registrado em 2010, o último ano do governo Lula.

Schwartsman lembra que, no mesmo período, a produção industrial global cresceu 10%. ;A história que o governo está tentando vender, e que muitos brasileiros estão abraçando, é de que o mau momento da indústria é culpa do baixo crescimento global. Só tem um problema com essa explicação, ela ser falsa;, criticou. O economista Rogério César de Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), disse que, se os resultados do setor continuarem piorando, 2014 só será melhor para a indústria do que 2009.

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