Economia

Cuba promete unificação monetária sem prejudicar a população

Há vinte anos, duas moedas circulam na ilha, gerando desigualdade e mal-estar: o peso cubano (CUP) e o peso conversível (CUC)

Agência France-Presse
postado em 07/08/2014 19:51
Havana - Nove meses depois de o governo de cubano ter anunciado que acabará com a moeda dupla na ilha, ainda não se sabe quando entrará em vigor a moeda única. No entanto, as autoridades do governo cubano prometem não prejudicar a população. O "complexo" processo de unificação monetária - que, segundo os economistas, deveria ter sido feito "muito tempo atrás"- é um passo chave nas reformas do presidente Raúl Castro e busca eliminar grandes distorções na economia e atrair investimentos estrangeiros desejados pelo único país comunista de Ocidente.

Há vinte anos, duas moedas circulam na ilha, gerando desigualdade e mal-estar: o peso cubano (CUP) e o peso conversível (CUC), que vale 25 pesos cubanos, tem paridade com o dólar e está fadado a desaparecer. Embora o fim do peso conversível tenha sido anunciado 22 de outubro do ano passado, o tema começou a preocupar agora muitos cubanos que temem perder suas economias e seu poder aquisitivo, depois que na segunda-feira o jornal oficial Granma afirmou que a unificação é "uma decisão impostergável", insinuando que pode ser decretada a qualquer momento.



O tema também foi abordado há cerca de um mês por Raúl Castro na sessão semestral do Parlamento, em que prometeu respeitar a poupança dos cubanos. Para preparar a unificação, que vigorará a partir de uma dia ainda não informado, o governo anunciou em março três resoluções sobre contabilidade para operações em divisas e estabeleceu metodologias para fixar os preços no mercado de câmbio (que não existe e se trata de uma demanda dos nascentes negócios privados).

"Estas normas são as primeiras regulações emitidas em matéria de preços e contabilidade, como parte do complexo caminho em direção à unificação monetária", disse a CEPAL no Estudo Econômico da América Latina 2014, divulgado nesta segunda-feira no Chile. Por enquanto, "o processo de unificação monetária continua, mas sem cronograma conhecido", completou.

Sem medidas de choque

Raúl Castro prometeu que a unificação não atingirá o bolso dos cubanos, embora tenha alertado que "isso não significa uma solução mágica a todos os problemas". "Se garantirão os depósitos bancários em divisas estrangeiras, pesos cubanos conversíveis e pesos cubanos, assim como o dinheiro em poder da população ", disse em sessão no Parlamento.

Na mesma sessão, Marino Murillo, responsável pelas reformas, indicou que trabalha em um "cronograma" e em outras "tarefas muito complexas" do processo, mas descartou "medidas de choque" ou " mudanças traumáticas", assegurando que os cubanos manterão seu poder aquisitivo após a unificação monetária.

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