Economia

Com economia fraca e incertezas eleitorais, empresas fogem da Bolsa

Neste ano, nenhuma companhia lançou ações no mercado, fato inédito desde 1999. Pessoas físicas também se afastam dos negócios e têm menor participação no pregão desde 2009

postado em 11/08/2014 06:01

O mercado de capitais brasileiro está em crise. Diante das incertezas que minam a economia, neste ano, embora dois pedidos de registros tenham sido feitos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nenhuma empresa se entusiasmou em lançar ações em busca de recursos para ampliar os negócios e criar empregos. Trata-se de um quadro inédito em pelo menos 15 anos. Também os investidores pessoas físicas, fundamentais para incrementar as operações na Bolsa de Valores, se retraíram. Com medo de suas aplicações virarem pó, registram, hoje, a menor presença nos pregões desde 2009, quando o Brasil entrou em recessão, vitimado pela bolha imobiliária dos Estados Unidos.

Trata-se de um quadro preocupante. Nas economias desenvolvidas, o mercado de capitais está na base do crescimento da atividade e serve de principal fonte de poupança para a população, graças a regras claras e à previsibilidade. Mesmo nos momentos mais complicados, como os que sucederam à crise detonada nos EUA, empresas e investidores não perderam referências em relação às políticas econômicas de seus países. No Brasil, porém, o horizonte turvou depois que o governo decidiu fazer experimentos ao aceitar um pouco mais de inflação para estimular o o Produto Interno Bruto (PIB), o que não ocorreu, e ao gastar de forma desenfreada e tentar encobrir essa farra por meio de truques contábeis.

;O que há hoje no Brasil é um colapso de credibilidade da política econômica. Aí não tem jeito: ninguém vai entrar em uma negócio que não apresenta horizonte;, diz o gestor de fundos Luiz Pardal, sócio da DCX Asset. Levantamento com base em dados da CVM e da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM) mostra que, desde 1999, mesmo nos piores momentos da economia, pelo menos duas empresas realizaram, por ano, o chamado IPO, sigla que, na tradução para o português, significa oferta pública inicial. Foi assim em 2002, quando Lula se elegeu e os investidores temiam o que seria o primeiro governo petista da história.

Em maio deste ano, a JBS chegou a pedir registro para abrir o capital da JBS Foods, a unidade de alimentos processados do grupo. No mês seguinte, os executivos voltaram atrás e adiaram o IPO por tempo indeterminado. Na última quinta-feira, a CVM divulgou que a Claro solicitou registro de companhia aberta, o que não há data para ocorrer. Ainda que uma ou outra companhia estreie na Bolsa até dezembro, analistas são unânimes na avaliação de que o mercado acionário brasileiro passa pela fase de menor atratividade em uma década e meia.

Neste ano, nenhuma companhia lançou ações no mercado, fato inédito desde 1999. Pessoas físicas também se afastam dos negócios e têm menor participação no pregão desde 2009

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