Simone Kafruni
postado em 17/08/2014 08:04
A atual crise do setor elétrico não tem precedentes. Nem mesmo em 2001 e 2002, quando houve racionamento, os custos para o país foram tão altos. Naquele ano, os especialistas calcularam o rombo em R$ 8 bilhões, valor que, atualizado pelo o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial da inflação, seria de R$ 17,5 bilhões. De 2013 a 2014, contudo, o prejuízo do setor já se aproxima de R$ 70 bilhões, quatro vezes maior, sem que o governo sequer tenha cogitado um plano de racionalização, receoso do impacto eleitoral da medida.Na avaliação do diretor da Thymos Energia, Ricardo Savoia, o montante recorde de perdas leva em conta: os aportes do Tesouro na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE); os dois empréstimos para cobrir a exposição involuntária das distribuidoras ao preço da energia no mercado de curto prazo, que somaram quase R$ 18 bilhões; o despacho térmico a todo vapor desde o fim de 2012; e as contratações feitas no leilão emergencial de abril último, com o preço de R$ 270 o megawatt/hora (MW/h).
;Os custos são maiores porque houve ampliação do sistema elétrico. A carga (consumo) dobrou em 10 anos e deve duplicar novamente na próxima década. Mas houve uma intervenção e a bolha criada desde 2013 explodirá na conta de luz em 2015, com aumento de 21% mais a inflação;, alerta Savoia. Ele lembra, ainda, que uma parcela do despacho térmico já está sendo repassada às tarifas das distribuidoras que tiveram reajustes na segunda metade deste ano. ;Os aumentos médios no primeiro semestre ficaram em 17%. Agora estão, em média, em 30%;, sublinha.
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