Economia

Presidente da Anfavea Luiz Moan defende estímulos ao consumo específico

Na avaliação de Moan, o próximo presidente da República, seja ele quem for, deverá fazer ajustes graduais na economia.

Rosana Hessel
postado em 21/08/2014 09:49
%u201CO Brasil não está preparado para um tratamento de choque%u201D, disse Moan

Apesar da queda de 17,4% na produção acumulada de janeiro a julho deste ano em comparação com o mesmo período de 2013, o presidente da Federação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirma categoricamente que o setor não está em recessão e que vai se recuperar neste segundo semestre, crescendo ;dois dígitos; em relação ao primeiro. Ele disse isso um dia antes de o governo anunciar medidas de incentivo ao crédito, algumas específicas para o segmento, que representa 25% da produção industrial do país e foi um dos mais beneficiados com estímulos governamentais.

Na avaliação de Moan, o próximo presidente da República, seja ele quem for, deverá fazer ajustes graduais na economia. ;O Brasil não está preparado para um tratamento de choque;, disse. Para ele, as medidas anunciadas ontem pelo Banco Central, que elevou a liquidez do mercado de crédito, são positivas para o setor, já que vincula a liberação de compulsório ao financiamento de veículos. ;Trazem melhoria significativa no regulamento dos créditos ao aprimorar a segurança jurídica, simplificar as operações de crédito;, afirmou.


Qual sua avaliação sobre as medidas anunciadas pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda?
As medidas anunciadas pelo ministro Guido Mantega trazem melhoria significativa no regulamento dos créditos ao aprimorar a segurança jurídica, simplificar as operações de crédito e, em última análise, ao premiar o adimplente, ao contrário do marco regulatório anterior, que beneficia o inadimplente. Com relação ao Banco Central, apoiamos e entendemos que o aumento da liquidez é positivo, pois terá efeitos diretos e indiretos na economia como um todo e, consequentemente, no setor automotivo.

O senhor falou que é a favor dos estímulos ao consumo. Mas essa política não se esgotou?

Acho que não. O sistema de consórcios em julho teve quase 60 mil novos clientes e todo mês entra de 50 mil a 60 mil pessoas no sistema, que neste ano conta com 2,5 milhões. A vontade de adquirir um veículo existe. O que muitas vezes estão procurando são formas diferenciadas de financiamento. O sistema bancário sofreu bastante com índice de inadimplência de 7,5%. E isso justificou a elevação da régua da seletividade para a concessão do crédito. Mas essa inadimplência hoje é menor que 5%. É preciso reduzir essa seletividade.



A indústria automobilístico está em recessão?

A indústria automobilística chegou no fim do primeiro semestre numa situação muito difícil. Não tem recessão. Junho foi o fundo do poço. Daqui para frente, a tendência é de retorno das vendas. Prevíamos um crescimento em torno de 1% no ano. O primeiro semestre fechamos com uma queda de quase 8% e estamos prevendo agora fechar o ano com queda de 5% a 6%. Estamos retomando o crescimento neste semestre, mas ainda vamos vender menos do que o segundo semestre de 2013, contudo o segundo semestre vai ser melhor do que o primeiro. No mês de julho, vendemos 11,8% a mais que em junho. Agosto está indo em uma direção boa. Esperamos fechar o segundo semestre em relação ao primeiro trimestre com crescimento de dois dígitos.

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