Economia

Para economistas, Copa do Mundo e atrasos em concessões derrubaram PIB

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (29) que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação aos primeiros três meses do ano

postado em 29/08/2014 16:49
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (29) que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu 0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação aos primeiros três meses do ano. O dado do primeiro trimestre, que antes havia sido divulgado como alta de 0,2%, foi revisto para queda de 0,2%. Para economistas ouvidos pela Agência Brasil, a Copa do Mundo e o atraso em concessões de obras de infraestrutura influenciaram na retração do PIB. Na avaliação do professor do Instituto de Economia da Unicamp Bruno de Conti, o resultado já era esperado. ;Estamos gerando menos empregos do que em outros momentos, mas a taxa de desemprego ainda está em um patamar historicamente baixo, e a renda do trabalhador está crescendo, mesmo com a discussão sobre a inflação;, disse. Segundo De Conti, a menor quantidade de dias úteis, em função da Copa do Mundo, impactou no resultado negativo do PIB. Para o economista, o termo recessão técnica ; que se configura por causa da queda do PIB por dois trimestres consecutivos ; pode ser aplicado à situação atual do país, mas ainda não está afetando de forma significativa a população. ;Claro que não é desprezível, mas é um rótulo que tende a ser supervalorizado;, disse.
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O professor aponta ainda que o atraso nas concessões de obras de infraestrutura, que poderia impactar de forma positiva a economia em 2014, deverá ocorrer somente no próximo ano. Para o economista, deve haver uma ligeira alta do PIB no segundo semestre e, em 2015, o indicador deverá aumentar. ;Esperava-se que esse investimento autônomo tivesse vindo este ano, com as concessões, mas algumas demoras farão com que ele venha no ano que vem. Desse ponto de vista, o cenário, para o próximo ano será, com certeza, melhor, porque esse investimento estará destravado e virá com mais força;, disse o professor da Unicamp, avaliando que o investimento pode ter efeito multiplicador na economia, puxando o consumo;independente do ajuste que julgam necessário;. Já o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio (FGV), Armando Castelar, avalia que os resultados do PIB apontam para um quadro de estagnação da economia. A principal causa, segundo ele, é a queda da confiança dos consumidores e empresários, que estão segurando os gastos. Para o professor, a Copa e o atraso nas concessões podem ter tido impacto sobre o resultado negativo do último trimestre, mas não devem ser supervalorizados. ;Quando você olha que muitos trabalhadores da indústria estão em férias coletivas, mostra que não foi um problema de falta de oportunidade para produzir. Foi uma demanda fraca. A Copa teve algum peso, mas acho que foi pequeno;, disse. Sobre as concessões, Castelar acredita que ;é importante não superestimar porque são concessões importantes, são muitos bilhões, mas em relação ao PIB é muito pouco;. Leia mais notícias em Economia Ao ser perguntada se o país está em recessão técnica, a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de LaRocque, disse que há uma estabilidade da economia. Segundo a coordenadora, após ajustes sazonais, variações entre - 0,5% e 0,5% podem inverter por estarem muito perto de zero, passando de negativas para positivas ou ao contrário, como é o caso do resultado do primeiro trimestre. Já o resultado do segundo trimestre, de menos 0,6%, nos critérios do IBGE, pode ser garantido como queda. "A série passa por um tratamento estatístico e o número é modificado a todo trimestre", disse, citando como exemplo o resultado do primeiro trimestre de 2014, que foi revisto. "Variações muito grandes são revistas, mas não mudam de sinal. Variações muito próximas do zero, como -0,2%, podem se modificar no trimestre seguinte".

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