Economia

Governo torce por reação da indústria; economistas pedem cautela

Na comparação com julho de 2013, a produção no setor deverá encolher de 0,3% a 3,7%

Rosana Hessel
postado em 01/09/2014 07:27
Alta do setor automotivo em julho alimenta esperanças

Depois da enxurrada de dados ruins na última semana de agosto, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff torce, ansiosamente, por boas notícias neste início de setembro. A aposta principal está nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção industrial, que vem encolhendo há quatro trimestres consecutivos. As projeções do mercado ; e do governo ; apontam para alta entre 0,5% e 0,8% em relação a junho.

[SAIBAMAIS]Os economistas, no entanto, pregam cautela. Mesmo que se confirme um número positivo, não se deve vê-lo como um sinal de que a indústria saiu do atoleiro e que o segundo semestre será melhor que o primeiro, como alardeia o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A razão é simples: na comparação com julho de 2013, a produção deverá encolher de 0,3% a 3,7%. ;A indústria continuará estagnada, após dois trimestres seguidos de queda no PIB (Produto Interno Bruto), que fizeram o país entrar em recessão técnica. O terceiro trimestre poderá vir ligeiramente positivo, mas a tendência de paralisia da economia prevalece;, disse José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).



O governo acredita que, à medida que números positivos forem sendo divulgados, o empresariado tenderá a reverter o pessimismo que minou o PIB. Na avaliação do Palácio do Planalto, não fossem os incentivos dados a vários setores, como a desoneração da folha salarial, a situação do parque fabril brasileiro seria ainda pior. ;O problema é que a industria perdeu competitividade por conta do câmbio e do aumento dos salários acima da produtividade;, alertou Oreiro, lembrando que o processo recessivo ; o PIB caiu 0,2% no primeiro trimestre e 0,6%, no segundo ; comprometeu todo o ano.

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