Agência France-Presse
postado em 03/09/2014 10:04
Paris - O desemprego de longa duração nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) persiste, apesar de uma moderada melhoria, alertou nesta quarta-feira (3/9) a entidade, que pede que os Estados deem prioridade a este problema. Segundo seu relatório anual intitulado "Perspectivas do Emprego", publicado antes da reunião de ministros do Trabalho do G20 em Melbourne, a OCDE registrou uma queda "limitada, mas bem-vinda do desemprego".A taxa, que se situava em 8% no final de 2012, caiu a 7,4% em maio de 2014, apesar de continuar 1,8% acima do que era antes da crise. Nos 34 países membros da OCDE, entre eles Chile, México e Espanha, há cerca de 45 milhões de pessoas desempregadas, 12,1 milhões a mais do que antes da crise. A recuperação econômica - 1,3% do crescimento em 2013, com fortes disparidades -, "é muito frágil para gerar uma melhoria sensível do emprego", explica a OCDE, que antecipa que a paralisação continuará diminuindo, mas a proporções limitadas para chegar a 7,1% no último trimestre de 2015.
"Apesar de um certo retrocesso do desemprego global, o desemprego de longo prazo continua aumentando", diz o estudo. No primeiro trimestre, 16,3 milhões de pessoas estavam, desempregadas há mais de um ano, quase o dobro que em 2007, antes do início da crise financeira. Nos Estados Unidos esse percentual de desemprego de longa duração passou dos 10% em 2007 a 25,9% em 2013. Na Espanha, na Islândia e Nova Zelândia o percentual foi o dobro.
A situação é particularmente preocupante na Grécia, onde em 2013 67,5% dos desempregados eram de longo prazo; na Irlanda, 60,6%; na Itália, 56,9%; e 56,3% em Portugal. Não parece, contudo, que a recuperação do crescimento representa uma queda do desemprego estrutural em muitos países. Por isso, a OCDE recomenda maior atenção a este segmento população e sugere políticas "intensivas e personalizadas".
Efeitos nefastos do trabalho temporário
De modo geral, na maioria dos países há mais desemprego agora do que antes da crise, apesar das situações são muitos diferentes, observa a OCDE. No caso da Espanha e da Grécia, cujo desemprego ficará em 2015 entre 24% e 27%, respectivamente, enquanto o índice da zona do euro passará de 11,6% em meados de 2014 para 11,2% no fim de 2015. Também superará os 10% na Itália e em Portugal, enquanto que em países como Áustria, Alemanha, Japão, México, Noruega e Suíça o desemprego será inferior a 5%. Nos Estados Unidos, o desemprego foi de 6,1% em maio, 1,1% mais alto do que antes da crise.
A OCDE alerta seus membros sobre os efeitos econômicos "nefastos" do emprego temporário, ao qual muitos países recorrem para "reforçar a flexibilidade" do mercado de trabalho. Além disso, os trabalhadores ficam menos protegidos e as empresas geralmente investem menos neles, "o que pode repercutir na produtividade". Os países mais afetados são Chile (30,5% dos contratos são temporários), Polônia (26,7%), Espanha (24,5%), Coreia do Sul (22,1%) e Portugal (21,5%). A OCDE aconselha que esses países "reforcem a legislação aplicada aos contratos temporários" enquanto "flexibilizam a que regula as demissões dos trabalhadores permanentes", ou inclusive que estabeleçam "o contrato único".
Salários cada vez mais baixos
A crise também repercutiu nos salários que quase não subiram desde 2009. Em países como Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal houve queda anual entre 2% e 5%, que afeta sobretudo os trabalhadores com piores salários. Isso pode ser resolvido, em alguma medida, com o salário mínimo obrigatório, nos 26 países do bloco e em várias economias emergentes. A OCDE conta com 34 países membros, entre eles Estados Unidos, a União Europeia, Austrália, Japão, México, Chile ou Turquia. Brasil, China e Índia não fazem parte da organização.