Agência France-Presse
postado em 10/09/2014 17:18
Bruxelas - O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reservou a França, Reino Unido e Alemanha os postos econômicos estratégicos do novo executivo comunitário, com o objetivo de reverter a estagnação da União Europeia.
O ex-ministro da Economia francês, o socialista Pierre Moscovici, foi designado para a pasta de Assuntos Econômicos, posto mais cobiçado pelos Estados-membros. O conservador britânico Jonathan Hill ficará com Serviços Financeiros, uma nomeação surpreendente e interpretada como uma concessão de Juncker a Londres, uma das mais importantes capitais financeiras do mundo.
O alemão Gunther Oettinger, responsável pela pasta de Energia na comissão de José Manuel Durão Barroso, agora partirá para Economia Digital. Outra surpresa da equipe de Juncker é o espanhol Miguel Arias Cañete, que recebeu Ação Climática e Energia.
O governo espanhol de Mariano Rajoy busca a candidatura de seu ministro da Economia, Luis De Guindos, para ocupar em 2015 o posto de presidente do Eurogrupo, um dos mais desejados no momento. Por isso, falava-se da possibilidade de a Espanha ficar com uma pasta menos importante.
Cañete terá ainda uma "super-comissária", com o título de vice-presidente encarregada da União Energética. Será a eslovena Alenka Bratusek, que supervisará os temas transversais conduzidos por vários comissários, como o de Transporte, Mercado Interior, Indústria e Energia.
A equipe de Juncker conta com sete vice-presidentes que se ocuparão de temas transversais e coordenarão o trabalho de vários comissários. Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, terá ainda um adjunto, considerado seu "braço direito", com o título de vice-presidente, que o substituirá quando estiver ausente. O holandês Frans Timmermans ocupará essa função.
A sueca Cecilia Malmstrom, uma liberal poliglota, será a nova comissária de Comércio, um posto central na UE, que atualmente negocia com os Estados Unidos um tratado de livre comércio para criar o maior mercado aberto do mundo. "A Comissão Europeia que apresento é uma Comissão política, dinâmica e eficaz, pronta para dar um novo impulso à Europa", disse Juncker.
"Coloco 27 jogadores em campo. Cada um com um papel específico", acrescentou Juncker, cuja equipe dirigirá a Comissão - verdadeiro Poder Executivo do bloco - pelos próximos cinco anos.
A apresentação da nova equipe põe fim a dois meses de negociações e a uma disputa de influência entre as capitais para obter os cargos de maior peso. "Esta Comissão tem a experiência necessária para enfrentar os desafios econômicos e geoestratégicos enfrentados pela Europa", afirmou.
A nova Comissão deverá impulsionar o crescimento econômico na Europa, estimular as reformas e reduzir o desemprego no momento em que o debate entre austeridade e políticas de crescimento opõe os principais países.
A política externa, a crise na Ucrânia, a Escócia, o possível referendo britânico em 2017 sobre sua permanência no bloco e o aumento do euroceticismo são outros desafios impostos à nova comissão.
Juncker não obteve a paridade de gênero que queria, mas conseguiu que diferentes capitais europeias enviassem mulheres para formar sua equipe. A nova Comissão tem 9 mulheres e 19 homens. A equipe reflete o equilíbrio de forças políticas do bloco, com 14 comissários de centro-direita e da direita cristã, um conservador britânico, oito socialistas e cinco liberais. Na nova comissão haverá quatro ex-primeiros-ministros e vários ex-ministros.
A Comissão é o órgão Executivo da UE, a instituição de maior importância. Entre suas prerrogativas está o quase monopólio da iniciativa legislativa. Ela é encarregada da aplicação das leis e de fiscalizar o respeito aos tratados.
[SAIBAMAIS]O órgão é composto por 28 comissários, um por Estado-membro, e abarca todos os temas relativos à UE, da concorrência à justiça, passando por agricultura, energia, e ajuda humanitária, entre outros temas.
A Comissão, com sede em Bruxelas, conta com uma administração de aproximadamente 30.000 funcionários. O mandato de cada equipe é de cinco anos. Juncker foi nomeado em julho pelos chefes de Estado e de governo da UE, apesar da dura oposição do líder britânico David Cameron e do húngaro Viktor Orban.
Depois do aval do Parlamento Europeu, Juncker vai suceder José Manuel Durão Barroso, que ocupou o cargo por dez anos.