postado em 15/09/2014 21:43
Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) revisaram as projeções do cenário econômico para baixo, após divulgação de queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,6%, no segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro trimestre. Os dados foram apresentados hoje (15) no seminário trimestral de Análise Conjuntural.[SAIBAMAIS]De acordo com o instituto, os dados do segundo trimestre confirmam que a desaceleração é forte, com queda na produção industrial há quatro trimestres, além de queda nos investimentos e na poupança. Com isso, a projeção dos economista é que o PIB cresça 0,1% no terceiro trimestre, fechando o ano com crescimento de 0,2%. De acordo com a pesquisadora Silvia Matos, do Ibre-FGV, a previsão há quatro meses era 1,5%, e já tinha sido revisada para 0,6%, caindo novamente com a divulgação do resultado oficial.
"O PIB veio um pouquinho pior no segundo trimestre, e a recuperação no terceiro trimestre está sendo bem mais fraca do que poderia ser, se fosse algo mais transitório, como o efeito Copa, de piora de expectativas. Parece que, realmente, a indústria de transformação está sofrendo mais. A gente tem visto uma melhora, mas é muito pequena e não compensa as perdas. A construção civil tem mostrado uma piora muito forte e o setor de serviços - que depende da renda de outros setores da economia - tem crescido cada vez menos. Então, ele não segura mais o crescimento do PIB, logo, o crescimento vai ser mais fraco mesmo neste ano".
Para 2015, a previsão do Ibre é que a economia continue com crescimento baixo, em torno de 0,5%, além de inflação alta, acima de 6%, como neste ano. Silvia destaca que o ano eleitoral impossibilita grandes mudanças econômica, masdiz que os ajustes fiscais precisam ser feitos em 2015.
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"Para o ano que vem, estamos mais próximos de 1% (de crescimento do PIB), mas pode até ser pior, vai depender do que acontecer no cenário de ajustamento macroeconômico, que vai ser necessário. A inflação continua muito forte, o cenário externo continua desafiador, e para começar, o próximo governo vai ter que fazer um ajuste fiscal. A gente pode esperar um ano difícil ainda, no ano que vem, mas se os ajustes forem feitos, podemos esperar um crescimento maior nos próximos anos", acrescentou.
Apesar das previsões ruins, a pesquisadora explica que não se trata de recessão. "Recessão é quando vem um choque muito forte e a economia desaba. Agora, a economia desacelerou e não está voltando rápido, então, na média, é um crescimento mais próximo de zero. E para o ano que vem a gente espera um crescimento positivo, porque tem setores que ainda podem crescer, como os setores agropecuário, extrativo e a indústria de transformação, que caiu mais de 3% neste ano e deve ter alguma recuperação, porque tem essa coisa cíclica. Alguma coisa deve voltar, mas ainda não dá para esperar um crescimento acima de 1% para o não que vem - 1% seria para comemorar mesmo", disse ela.