Jornal Correio Braziliense

Economia

Banco Mundial teme 'impacto econômico catastrófico' por causa do ebola

A epidemia deve provocar um prejuízo de mais de 800 milhões de dólares

Washington - O impacto econômico do Ebola pode ser catastrófico nos três países no epicentro da epidemia (Serra Leoa, Guiné e Libéria), gerando um prejuízo de mais de 800 milhões de dólares, advertiu nesta quarta-feira (17/9) o Banco Mundial. "Se o vírus continuar se propagando nos três países mais afetados (...) seu impacto econômico pode ser multiplicado por oito, causando um dano catastrófico aos Estados já frágeis", indica um relatório da instituição.

[SAIBAMAIS]Segundo os cálculos do BM, se a epidemia não for contida, o Produto Interno Bruto (PIB) da Libéria, da Guiné e de Serra Leoa pode ter uma redução conjunta de 359 milhões de dólares em 2014 e de 809 milhões em 2015. Neste cenário, o crescimento econômico cairia, no ano que vem, aproximadamente 11,7% ao ano na Libéria e 8,9 em Serra Leoa, com o risco de levar esses dois países à recessão. Enquanto isso, na Guiné, haveria um recuo de 2,3.

O BM afirma, contudo, que a mobilização por mais recursos dirigidos à luta contra a essa doença, que já deixou mais de 2.400 mortos, pode mitigar o dano econômico. "O maior custo desse surto trágico são as vidas humanas e o sofrimento, já que foi terrivelmente difícil de suportar", disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.

O evidente retrocesso na economia devido à doença causa ainda mais danos às finanças desses países que já dependem da ajuda do Banco Mundial do Fundo Monetário Internacional e de outras instituições para sua estabilidade fiscal. Um ponto-chave, segundo o Banco Mundial, é conter a propagação do medo à enfermidade, que tem levado pessoas e empresas a reduzir suas atividades econômicas.



"O impacto econômico mais importante da crise não vem de seus custos diretos (mortalidade, atenção sanitária, perda de dias de trabalho), mas de uma reação de pânico alimentada pelo medo de contágio", indicou o BM. Este "fator medo" já foi responsável por quase a totalidade do impacto econômico de epidemias mundiais precedentes (SRAS, H1N1, por exemplo), ressalta a instituição, que convocou a comunidade internacional a mobilizar "bilhões de dólares" para enfrentar a epidemia.

A reticência e incapacidade da população, inclusive quando não está diretamente afetada pela doença, para continuar com o seu trabalho têm resultado em preços mais altos, queda das receitas e maior pobreza. Na Libéria, país mais castigado, a economia crescia de modo consistente até o início da epidemia. Desde então, o setor-chave da mineração, responsável por 17% da produção econômica, foi drasticamente reduzido, em parte por causa das restrições nos deslocamentos da população. As granjas em áreas de quarentena foram abandonadas e a falta de mão de obra tem afetado as colheitas e os cultivos básicos como o arroz.