Economia

Governo aposta no leilão do 4G para alcançar a meta de superavit primário

A oferta também tem finalidade de reforçar o caixa do Tesouro Nacional. Quatro empresas estão na disputa

Simone Kafruni
postado em 29/09/2014 06:00
Hoje, tecnologia é muito restrita e cara. Só beneficia 4 milhões de consumidores de cerca de 80 cidades

Sem ter de onde tirar dinheiro para fechar as contas, mais uma vez o Tesouro aposta suas fichas nas receitas extraordinárias para perseguir o superavit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, está de olho no leilão da frequência de 700 megahertz (MHz) para a tecnologia de quarta geração de banda larga móvel (4G), que será realizado amanhã pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A expectativa é arrecadar até R$ 8,2 bilhões com a venda da faixa de 700MHz às operadoras inscritas no pregão. TIM, Claro, Telefônica (Vivo) e Algar Telecom (CTBC) disputam quatro lotes nacionais de 10 MHz cada e dois regionais. Oi e Nextel preferiram ficar de fora.

Em 2012, a Anatel fez o leilão da frequência 2,5 gigahertz (GHz), no qual as operadoras operam atualmente com o serviço 4G para 4 milhões de usuários em cerca de 80 cidades. Mas a faixa de 700 MHz, na avaliação do professor do centro de estudos de telecomunicações da PUC Rio, Gláucio Siqueira, leva vantagem na área de propagação, com gastos menores em infraestrutura. ;Apesar de ter a capacidade de usuários mais limitada;, destaca. Assim, a combinação das duas frequências, 2,5 GHz e 700 MHz, é a aposta da Anatel para garantir uma cobertura eficaz. No 700 MHz é possível usar até seis antenas a menos para fazer a mesma cobertura do 2,5 GHz, e a frequência tem uma penetração maior nos espaços fechados.



Entre as desvantagens, que mobilizaram operadoras a tentarem adiar o leilão, está o fato de o cronograma de implantação do serviço 4G iniciar em 2016, mas ser efetivado apenas em 2019, depois da limpeza da faixa, atualmente utilizada pelos canais 52 a 69 da tevê analógica em 1,5 mil municípios. Para isso, o edital prevê o aporte de R$ 3,6 bilhões pelas operadoras vencedoras para realocar tais canais. ;A proximidade com a faixa da tevê analógica também é um problema, porque pode interferir;, explica Siqueira, da PUC Rio. A Anatel alega que estão previstos investimentos, dentro dos R$ 3,6 bilhões, para colocação de filtros que impeçam a interferência.

A agência reguladora ressalta que o leilão também pretende acelerar a digitalização da tevê aberta no país, porque inclui a distribuição de 14 milhões de Set Top Box (STP), caixas conversoras de sinal digital. O objetivo é levar a nova tecnologia a 56 milhões de brasileiros, já que, em 2018, um decreto presidencial determina o desligamento da tevê analógica no país.

A matéria completa está disponívelpara assinantes. Para assinar, clique

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação