Agência France-Presse
postado em 09/10/2014 20:36
Washington - O Fundo Monetário Internacional advertiu sobre uma possível recessão na zona do euro nesta quinta-feira (9/10), pressionando governos como o da Alemanha a reverterem o cenário econômico com mais gastos.As preocupações sobre a estagnação na zona do euro foi um dos temas centrais no encontro anual do FMI sobre a economia global que aconteceu em Washington.
Apesar da recuperação da crise financeira que completa seis anos, há alertas sobre possíveis perigos, como a epidemia de ebola, a crise na Ucrânia, o conflito no Oriente Médio, e um potencial golpe na economia global causado por uma política de restrições implementada pelo Federal Reserve nos Estados Unidos.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que a zona do euro poderá entrar em recessão caso não sejam adotadas medidas de prevenção.
"Não estamos dizendo que a zona do euro está entrando em recessão, mas que há um sério risco caso nada seja feito", disse Lagarde.
De acordo com Lagarde, a probabilidade de uma nova contração econômica na Eurozona é avaliada pelo FMI entre 35% e 40%. "Não é insignificante".
"Se as medidas adequadas forem adotadas, se os países em déficit e aqueles que estão em avanço fizerem o que deve ser feito, isso é evitável", disse.
Lagarde enfatizou que o crescimento econômico global será de 3,3% neste ano e que deve subir para 3,8% em 2015. Mas ela classificou esses números de "medíocres", mesmo que sejam melhores do que há alguns anos.
A diretora-gerente lembrou que diversas economias emergentes têm enfrentado um profundo mal-estar que a grande economia da zona do euro é particularmente preocupante.
"A questão central aqui é o crescimento da Europa", disse o ministro das Finanças francês, Michel Sapin. "A questão é quais ferramentas estão disponíveis para evitar o que é considerado como um risco de recessão", completou.
Na terça-feira, o FMI revisou para baixo suas previsões de crescimento para a Eurozona em relação à previsão divulgada em julho, a 0,8% neste ano e 1,3% em 2015, ao mesmo tempo em que alertou para a estagnação da atividade e para a queda generalizada dos preços em toda a região, inclusive na Alemanha, maior economia do bloco.
Para Lagarde, apenas "uma parte muito modesta" da desaceleração europeia pode ser atribuída à crise na Ucrânia e às sanções econômicas implementadas pela Europa Ocidental e pelos Estados Unidos à Rússia.
"Se a zona do euro continuar a protelar, será um grande problema para a economia mundial", disse o economista do FMI Olivier Blanchard.
O FMI e o Banco Mundial estão pressionando os governos para impulsionar reformas de estímulo ao crescimento, e para direcionar mais gastos a atividades geradoras de emprego, como desenvolvimento de infraestrutura. Na zona do euro esta pressão é direcionada sobretudo para a Alemanha.
"A Alemanha tem recursos para financiar o investimento público necessário para a manutenção e a modernização da infraestrutura, sem violar as regras fiscais", afirmou o FMI em seu novo relatório sobre a economia global nesta semana.
Em Washington, contudo, o ministro da Economia alemão, Wolfgang Schaeuble, negou que seu país vá contrair mais gastos, confirmando sua posição de que eles são necessários para reativar a economia da eurozona. "Mais crescimento não será alcançado assinando cheques".
Em vez disso, insistiu que Itália e França - países que querem aumentar os gastos de estímulo - implementem "reformas estruturais essenciais", e advertiu contra uma maior flexibilização da política monetária por parte do Banco Central Europeu.
"Você não pode ficar gastando o dinheiro de outras pessoas numa união monetária", disse.