Agência France-Presse
postado em 13/10/2014 08:46
Estocolmo - O economista francês Jean Tirole é o vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2014 por suas diversas pesquisas sobre finanças, empresas, regulação e os mercados. Ele foi premiado por sua "análise do poder do mercado e da regulação", anunciou em Estocolmo o júri em um comunicado.
Tirole, 61 anos, é pesquisador na Universidade de Toulouse (sul da França) desde os anos 1990, após uma passagem pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos.
"Este prêmio Nobel evidencia a qualidade da pesquisa em nosso país", escreveu no Twitter o presidente francês, François Hollande.
"Depois de Patrick Modiano (Nobel de Literatura em 2014), outro francês no firmamento. Felicidades, Jean Tirole", escreveu também no Twitter o primeiro-ministro Manuel Valls.
Jean Tirole é o terceiro francês a receber o Nobel de Economia, depois de Gérard Debreu em 1983 e Maurice Allais em 1988. Ele já era mencionado como um dos favoritos ao Nobel há alguns anos.
"Muitas indústrias estão controladas por um pequeno número de grandes empresas ou por um monopólio. Tais mercados podem gerar resultados indesejáveis, como preços mais elevados dos que justificam os custos ou empresas empresas improdutivas que sobrevivem para impedir a chegada de empresas novas e mais produtivas empresas", explicou o júri, para ilustrar a importância das regulações nas economias nacionais, objeto dos estudos de Tirole.
O Comitê Nobel apresentou Tirole como "um dos economistas mais influentes de nossa época", autor de importantes contribuições teóricas".
"A melhor regulação ou política em termos de concorrência deve ser cuidadosamente adaptada às condições específicas de cada setor. Em uma série de artigos e livros, Jean Tirole tem apresentado um marco geral para conceber tais políticas e a aplica a uma série de setores, que vão das telecomunicações ao bancário", resume a Real Academia de Ciências.
"Inspirados por estas novas perspectivas, os governos podem estimular de uma maneira melhor as grandes empresas a ser mais produtivas e, ao mesmo tempo, impedir que prejudiquem os concorrentes ou os consumidores", completa a nota da Academia.
"Muito obrigado. Me sinto muito honrado", afirmou Tirole. Em uma entrevista por telefone à AFP, ele disse que o prêmio era "uma grande surpresa" e que estava muito feliz". "Você não é um juiz muito bom dos próprios trabalhos, então não é algo que eu esperava", disse Tirole.
Primeiro matemática, depois Economia
Nascido em Troyes (nordeste da França), filho de um médico e de uma professora de Letras, Tirole estudou primeiro Matemática, integrou a Escola Politécnica e descobriu tardiamente a Economia, aos 21 anos.
Depois de se formar em Engenharia, optou por fazer um doutorado em Economia nos Estados Unidos, no MIT. Tirole chegou a Toulouse em 1991, onde foi um dos fundadores do Instituto de Economia Industrial, que seria o berço do que hoje é chamado de "Escola de Toulouse" de Economia.
O prêmio ilustra o bom momento da pesquisa econômica na França. Em agosto, a revista mensal do Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou que sete franceses estavam entre os 25 economistas de 45 anos mais promissores do planeta.
O Nobel de Economia, oficialmente chamado "prêmio do Banco da Suécia de ciências econômicas em memória de Alfred Nobel", é o único não previsto no testamento do inventor sueco da dinamite.
O prêmio foi criado em 1968 pelo Banco Central da Suécia e entregue pela primeira vez em 1969. Os demais prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
Tirole receberá o prêmio de 8 milhões de coroas (878.000 euros) no dia 10 de dezembro em Estocolmo.
Conheça os 10 últimos vencedores do Nobel de Economia:
2014: Jean Tirole (França), por sua "análise do poder do mercado e de sua regulação".
2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.
2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e educação.
2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.
2010: Peter Diamond e Dale Mortensen (Estados Unidos), Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para acoplar-se, especialmente no mercado de trabalho.
2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.
2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre o comércio internacional.
2007: Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson (Estados Unidos), por seus trabalhos baseados nos mecanismos de intercâmbio destinados a melhorar o funcionamento dos mercados.
2006: Edmund Phelps (Estados Unidos), por ter demonstrado que a prioridade de uma política anti-inflacionária tem efeitos benéficos a longo prazo sobre o crescimento.
2005: Robert Aumann (Israel/Estados Unidos) e Thomas Schelling (Estados Unidos), por "ter melhorado nossa compreensão dos conflitos e da cooperação por meio da teoria dos jogos".
Este prêmio, oficialmente denominado "Prêmio do Banco da Suécia para Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", é o único que não estava previsto no testamento do inventor sueco da dinamite. Foi instituído em 1968 pelo Banco Central da Suécia e concedido pela primeira vez em 1969.
Os outros prêmio Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vem em 1901.