Economia

China registra alta inesperada do comércio exterior em setembro

Superávit comercial chinês foi o dobro em setembro, em 31 bilhões de dólares (cerca de 24.45 bilhões de euros), em relação ao ano anterior

Agência France-Presse
postado em 13/10/2014 16:12
Pequim - A China registrou uma inesperada recuperação de suas importações em setembro, após vários meses de queda, e um crescimento maior do que o esperado em suas exportações. Mas os analistas observam o cenário com prudência.

O superávit comercial da China foi o dobro em setembro, em 31 bilhões de dólares (cerca de 24.45 bilhões de euros), em relação ao ano anterior, embora abaixo dos níveis recordes registrados nos meses anteriores, segundo números apresentados nesta segunda-feira (13/10) pelas autoridades do país.

Este nível se mantém abaixo das expectativas dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que apostavam em um superávit de 42 bilhões de dólares. Em agosto, este indicador ficou em aproximadamente 50 bilhões de dólares.

Esse retrocesso do excedente comercial pode ser explicado em parte por um aumento inesperado de 7%, em termos anuais, das importações, a 182,7 bilhões de dólares, o que parece refletir um crescimento da atividade econômica da segunda economia mundial.

Isso indica uma mudança expressiva de tendência, após as quedas na importações, em termos anuais, em julho (-1,6%) e agosto (-2,4%), dados que confirmavam a desaceleração econômica do país. Os analistas antecipavam uma nova queda de 2,4% em setembro. Já as exportações aumentaram cerca de 15,3% em setembro, totalizando 213,7 bilhões de dólares.

"O comércio exterior teve uma melhora em relação ao trimestre anterior e as trocas bilaterais com nossos principais parceiros comerciais aumentaram", comentou o serviço aduaneiro chinês em um comunicado.

No entanto, "o sólido aumento das exportações se explica em parte por uma base de comparação favorável, já que houve uma queda considerável em setembro de 2013", observa Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.

"Esta recuperação é de alguma forma contraditória com a debilidade da demanda interna, como demostraram indicadores recentes", analisou Liu Li-Gang, economista do banco ANZ.

Liu sugere que o aumento do comércio de matérias-primas e a queda dos preços internacionais contribuíram para o aumento do comércio exterior em setembro.

Os dados positivos de setembro também podem ter sido influenciados pelo lançamento do iPhone 6 da Apple. Boa parte de seus componentes é montada na China, lembram os economistas do banco Nomura.

Estatísticas contraditórias

[SAIBAMAIS]Esses dados sobre o comércio exterior são divulgados em um contexto de estatísticas contraditórias sobre o vigor da economia chinesa.

Ao situar o crescimento econômico do país em 7,4% durante o primeiro trimestre, seu nível mais baixo em 18 meses, Pequim introduziu a partir de abril medidas para estimular a atividade, o que supôs um pequeno crescimento no segundo trimestre (7,5%).



Enquanto o governo chinês busca um crescimento econômico de 7,5% em 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou na semana passada sua previsão de crescimento em 7,4%, mas advertiu sobre os "riscos no curto prazo" em um mercado imobiliário reaquecido.

Além disso, a maioria dos analistas indica que o sempre elevado superávit comercial da China intensificará a tradicional pressão em favor de uma valorização do yuan.

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