Economia

A cada 0,1% p.p que cai PIB da América Latina, zona perde 100 mil empregos

"Temos 800 milhões de desempregados no mundo. E esse número pode crescer%u201D, destacou diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder

Vera Batista
postado em 13/10/2014 17:17
A desaceleração da economia tem reflexos extremamente negativos nos níveis de emprego formal e pode interferir nas estatísticas globais de desemprego. A cada redução de um décimo de ponto percentual (0,1%) no crescimento econômico, a região da América Latina e Caribe perde 100 mil empregos, revelou o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder. Esse dado se torna ainda mais preocupante, analisou, na medida em que, desde a crise financeira de 2009, iniciada com a quebra do Banco Lehman Brother, o mundo ainda não se recuperou totalmente e os investimentos em tecnologia de ponta caíram.

;A situação é muito preocupante. A economia formal depende do desenvolvimento. Temos 800 milhões de desempregados no mundo. E esse número pode crescer;, destacou Ryder. Nos cálculos da OIT, em 2014, o desemprego na região da América Latina e Caribe, dependendo do país, vai se situar entre 4% e 10,7%. O Brasil deverá fechar o ano em 4,9%, à frente de Chile (5,5%) e Cuba (5,7%). Segundo Ryder, na regi{ao da América Latina e do Caribe, 47% das pessoas ainda desempenham funções de baixa qualificação. Percentual alto, mas inferior aos registrado em 2009, que era de 51%. ;Com esses números, não é surpresa o fato de a região ser uma das mais desiguais do mundo. Temos um grande desafio da formalização e do emprego de qualidade;, reforçou.

O diretor-geral da OIT não especificou, dentre os países que compõem a AL, onde as políticas de emprego deram melhores resultados. Mas garantiu que, nesse momento, a organização esta negociando, em nível mundial, uma nova norma internacional sobre meios para aumentar o emprego formal. Sem especificar qual seria a norma, Ryder afirmou que busca consenso tripartite ; entre governo, empresários e trabalhadores -, para que a futura regulamentação aconteça o mais rápido possível e apresente resultados para o aumento do trabalho decente.

Ele assinalou, no entanto, que, embora com alguns dados negativos, a região tem avançado em matéria de direitos fundamentais e na luta contra o trabalho infantil. Apesar de a taxa de desemprego na região ter chegado a 6,2%, considerado um dos mais baixos níveis da história, a luta contra a pobreza e pela distribuição de renda ainda está longe de chegar ao fim. ;Dos 768 milhões de crianças trabalhando, 12,5 milhões estão nas Américas;, informou. ;A taxa de desemprego na América Latina e no Caribe é muito baixa, principalmente se comparada a da Europa, que é quase o dobro. Mas ainda temos muito desafios para conseguir avançar ;, destacou Ryder.

Como uma das saídas para conter essas estatísticas, Ryder apontou para a necessidade de reformas estruturais e de diálogo entre os governos . ;As reformas estruturais não são uma receita mágica, que vai gerar desenvolvimento. Elas dependem de condições macroeconômicas e de formação de demanda adequada;, destacou. Isso significa, explicou, que uma melhora da produtividade e na competitividade está fundamentalmente ligada a um diálogo franco.

;Temos que criar essa cultura. Estamos encontrando dificuldade nisso, porque o diálogo depende muito da confiança entre as partes;, disse Ryder, ao destacar que governos, empresários e trabalhadores precisam encontrar uma forma de atuação conjunta, com responsabilidade compartilhada, na qual os frutos da produtividade sejam distribuídos para o benefício de todos.

Ele citou, no entanto, que há motivos distintos para a queda do desemprego aberto na região: pelo desalento ou frustração de alguns, que deixaram de procurar trabalho; e, por outro lado, pelo aumento do número de pessoas que preferiram continuar estudando. Ele lembrou que recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou um crescimento pífio para a região, de 1,2%, em 2015.

Mesmo que cada país tenha uma trajetória distinta, com crescimentos econômicos distintos, o que chama a atenção, destacou Ryder, é a situação das exportações, por conta da situação ainda crítica no resto do mundo.. Na década de 1980, a AL exporta 5% de seu produto interno bruto, hoje o percentual subiu para 25%. ;Mas a região continua experimentando uma certa vulnerabilidade;, indicou.

Documento
Nesta terça-feira (14/10), as 10 horas da manhã (8 horas, no horário de Brasília), 19 ministros, dos 35 países que participam da reuni{ao, v{ao assinar uma declaração contra o trabalho infantil, na sala das sessões plenárias, do Hotel Los Delfines, em Lima, Peru.

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