Agência France-Presse
postado em 23/10/2014 18:45
Cidade do Kwait - As ricas monarquias do Golfo por enquanto resistem à queda constante do petróleo, em comparação com o nervosismo de outros produtores, como a Venezuela, que querem que a Opep adote alguma medida.Atualmente, os preços estão em seus níveis mais baixos dos últimos quatro anos. Desde junho, perderam cerca de um quarto do seu valor, por causa da abundância da oferta e da escassez da demanda, segundo os analistas.
As perspectivas econômicas globais não são alentadoras, o que levou a países-membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) a propor uma reunião extraordinária para cortar as exportações e provocar uma alta dos preços. "Estou convencido de que (a queda dos preços) não responde às condições do mercado, mas a uma manipulação dos preços para criar problemas econômicos para as grandes empresas produtoras de petróleo", declarou recentemente o chanceler venezuelano, Rafael Ramírez.
Esses apelos foram ignorados pelas seis monarquias do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), lideradas pela Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo bruto do mundo.
O CCG é integrada por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Kuwait. O grupo produz mais de 17 milhões de barris por dia (mbd), dos quais 12 a 13 mbd são exportados, o que representa cerca de 90% das receitas.
Quatro membros do Conselho -Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Catar- pertencem à Opep, e produzem mais da metade do cru produzido pela organização (16 mb del total de 30,5 mbd).
"Não acho que, no curto prazo, os Estados do CCG sejam muito afetados pela queda dos preços de cru. O impacto sobre os produtores não membros do CCG será muito mais forte" declarou à AFP o economista saudita Abdalá Al Kuwaiz. "A maior parte dos países do CCG tem sólidas reservas financeiras que lhes permite suportar as consequências. Todos elaboraram seus orçamento a partir de um preço de 80 dólares o barril ou menos", acrescenta o ex-responsável econômico do CCG.
Fartas reservas
As receitas de petróleo dos países do CCG passaram de 366 bilhões de dólares em 2009 para 729 bilhões no ano passado, segundo estatísticas do grupo KAMCO Investments, do Kuwait, e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o Instituto de Finanças Internacionais, as reservas financeiras desses países são da ordem de 2,4 bilhões de dólares, acumulados durante décadas de fartura petrolífera.
"Esses países estão em uma posição sólida para se manter sem problemas durante alguns anos, caso haja uma crise com os demais países produtores", avalia o analista kuwaitiano Mussa Maarafi. "A Arábia Saudita e a maioria dos estados do CCG poderão resistir às pressões para reduzir a produção e perder parcelas do mercado" explicou à AFP Maarafi, ex-membro do Conselho Supremo de Petróleo do Kuwait.
[SAIBAMAIS]Em um relatório recente, o FMI afirmou que essas reservas financeiras permitirão aos membros do CCG seguir sem problemas com seus programas de gasto no curto prazo. O governo de Riad não só não está disposto a cortar sua produção, como a aumentou, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), que aponta que a produção em setembro ficou em 9,73 mbd.
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A Arábia Saudita pode manter durante três anos seu nível atual de gasto público, segundo HSBC Global Research. O preço atual de cru oscila em torno dos 85 dólares o barril, e segundo Maarafi pode baixar até 70 dólares, o que coloca em dificuldades países como Venezuela, Rússia e Irã.