Agência France-Presse
postado em 29/10/2014 17:48
Londres- A produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo em 2015 será semelhante à de 2014, apesar da queda de preços, afirmou o secretário-geral do cartel, Abdallah El Badri. "Não acho que 2015 será muito diferente de 2014 (...) em termos de produção", disse à imprensa El Badri, que participa da conferência Oil & Money realizada nesta quarta e na quinta-feira em Londres.Os doze países membros, responsáveis por um terço da oferta mundial, se reunirão no dia 27 de novembro em Viena para discutir sua produção, atualmente em 30 milhões de barris por dia.
El Badri disse que a recente queda dos preços do petróleo não pode ser explicada pelos fundamentos de mercado e avisou que ela afetará inclusive o maior concorrente do petróleo convencional dos países da Opep: o shale oil (óleo de folhelho).
"Não vemos tantas mudanças nos fundamentos (de mercado). A demanda se mantém alta, a oferta também tem aumentado. Mas a magnitude do incremento da oferta não explica a queda de 25% do preço do petróleo", avaliou o secretário-geral.
"Se o preço permanecer em 85 (dólares o barril), vamos ver que muitos investimentos e muito petróleo serão retirados do mercado", avisou o secretário-geral, para quem os produtores da Opep não são os mais ameaçados porque os seus custos de produção são relativamente baixos.
Para El Badri, o óleo de folhelho, produzido sobretudo nas reservas de xisto dos Estados Unidos, deverá ser o primeiro afetado. Esse tipo de petróleo bruto não convencional é extraído por meio do chamado "fracking", ou fratura hidráulica, uma técnica criticada pelos ecologistas que consiste em injetar água com uma alta pressão para fraturar rochas localizadas sob uma profundidade entre 1.500 e 2.400 metros.
Este tipo de exploração abriu a possibilidade de se extrair petróleo em diversos outros países do mundo e é considerada uma ameaça à posição dos produtores tradicionais da commodity. Graças ao xisto, os Estados Unidos recuperaram seus níveis de produção dos anos de 1970: 9,5 milhões de barris por ano.
"Aos preços atuais, 50% do óleo de folhelho deixará de ser rentável", avaliou El Badri, contestando os dados da Organização Internacional de Energia (AIE), que situa este limiar em 4%, sempre que os preços caiam abaixo do patamar de 80 dólares o barril. "A 95, 100, 105 dólares o barril, todo mundo fica contente, os produtores podem ganhar dinheiro, podem investir, os consumidores podem sobreviver", avaliou El Badri.