Jornal Correio Braziliense

Economia

BC avalia resultados fiscais deficitários como prevenção de crises

É a primeira vez que há déficit primário nos primeiros nove meses do ano

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, disse nesta sexta-feira (31/10) que os resultados fiscais deficitários dos últimos cinco meses são reflexo de medidas anticíclicas (conjunto de ações para amenizar crises) adotadas pelo governo nos últimos anos. ;[São políticas como] desonerações e aumento de investimentos, que se refletem até agora;, declarou.

Segundo Tulio Maciel, além da adoção de ações anticíclicas, o menor crescimento da atividade econômica repercutiu em termos de receita. Em setembro, o setor público consolidado ; governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais ; teve déficit primário de R$ 25,491 bilhões. Trata-se do quinto déficit consecutivo, além do pior resultado para todos os meses desde o início da série histórica, em 2001.Os dados do mês passado trazem outros recordes negativos. O déficit acumulado de janeiro a setembro, de R$ 15,286 bilhões, é o pior resultado para o período. É a primeira vez que há déficit primário nos primeiros nove meses do ano.



Os gastos com juros que incidem sobre a dívida atingiram R$ 43,9 bilhões em setembro, valor mais alto da série para todos os meses. Nos nove primeiros meses de 2014, os juros somaram R$ 209,1 bilhões. Com isso, o déficit nominal, formado pelo resultado primário e as despesas com juros, ficou em R$ 69,4 bilhões, no mês passado, e em R$ 224,4 bilhões, de janeiro a setembro.

Conforme Tulio Maciel, a avaliação é que, até o fim do ano, a variável fiscal caminha da neutralidade para o expansionismo. ;No âmbito da política monetária, é essa a avaliação;, salientou. Acrescentou que, em 2015, o impulso fiscal deve seguir em direção à neutralidade.