Economia

"Brasil cresce muito pouco para um país desse tamanho", diz CNI

Segundo Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as principais dificuldades do setor são: falta de competitividade, baixa produtividade, questões cambiais

Rosana Hessel
postado em 05/11/2014 14:15
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, demonstrou preocupação com o baixo crescimento do país, que deverá avançar apenas 0,3% neste ano pelas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e menos que isso conforme as estimativas do mercado.

;É muito pouco para um país desse tamanho e uma indústria tão implantada no Brasil. Temos que mudar muita coisa e fazer com que o Brasil tenha condições de que a indústria brasileira participe de um mercado internacional. Hoje não participamos de um mercado internacional. Faltam acordos comerciais;, criticou ele, enumerando as dificuldades do setor: falta de competitividade, baixa produtividade, questões cambiais. ;O Brasil tem fazer esses ajustes para que a nossa indústria possa exportar. O que a gente vê em todos os países que o motor do crescimento e do desenvolvimento em qualquer país é a indústria;, afirmou.

Andrade demonstrou otimismo na retomada do diálogo do setor com o governo para a agenda de 42 propostas feitas durante a campanha eleitoral. A promessa foi feita pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de que elas serão debatidas na próxima semana e executadas ;uma a uma;, de acordo com suas prioridades, durante a abertura do 9o Encontro Nacional da Indústria (Enai), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, nesta quarta-feira (5/11). A primeira reunião sobre o tema será realizada na próxima semana, informou o empresário.

Entre as propostas feitas pela entidade, o presidente da CNI destacou que a principal delas e que tem um peso enorme para as empresas e que precisa ser atacado pelo novo governo é a burocracia. ;Esse item não representa em redução de receita tributaria, mas uma redução enorme de custo (para as empresas);, disse ele. O empresário Jorge Gerdau reclamou que tem 100 empregados no Brasil para cuidar da burocracia enquanto que, no Canadá, apenas uma pessoa cuida desse assunto sem contar a confusão da nota eletrônica que, segundo ele, só existe no Brasil e complica mais ainda as operações porque uma entra outra não entra. ;Um dos maiores problemas é a burocracia;, disse Gerdau.

Andrade acrescentou que é preciso retomar a agenda de concessões em infraestrutura. ;O setor privado tem recursos suficientes para colocar nesses projetos. As concessões tem que sair, principalmente as de portos, porque eles têm um custo bastante elevado;, afirmou. O presidente da CNI lembrou da necessidade de revisão em algumas questões trabalhistas, que limitam a operação de máquinas modernas importadas de outros países, são importantes e não interferem na perda de benefício para o trabalhador. ;Temos propostas concretas sobre a questão trabalhista e da burocracia e vamos discutir isso;, afirmou.

Mercadante, que chegou a ser cotado para chefiar o Ministério da Fazenda no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, aproveitou o evento e para falar a favor da atual política econômica e defendeu a estratégia de fortalecimento dos bancos públicos, principalmente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Criticou os economistas ortodoxos, que defendem um ajuste forte, principalmente, nos gastos públicos. Para ele, isso ;é continuar cavar o buraco;.



;Os governos precisam fazer uma política amigável ao emprego e com estímulo da atividade econômica. Precisamos coordenar estímulos a nível internacional para sairmos da crise juntos;, afirmou o ministro. Nesse sentido, ele defendeu também a revisão da meta de superavit primário para que o governo continue mantendo os gastos na área social e nos investimentos. Até setembro, o rombo das contas do setor público foi de R$ 25,5 bilhões.

;Para enfrentar esse cenário que nos temos que manter investimentos em gastos sociais e foi importante desonerar e a economia e a receita caiu. Mas a desoneração é que mantem a atividade e o emprego no Brasil;, disse ele que cortar gasto público é como cortar o cabelo: sempre tem excesso para tirar. ;O que não dá para fazer é um corte drástico que imponha uma trajetória recessiva. Temos que manter o emprego e a renda da população. Porque não dá para crescer para fora. Nós só conseguimos crescer com um mercado interno forte e é o que esta amenizando o impacto da crise internacional;, completou.

O Enai reúne cerca de 1,8 mil empresários e representantes da indústria de todo o país. O objetivo do encontro que termina amanhã é debater a agenda do próximo governo e o que é preciso ser feito para melhorar a produtividade e a competitividade do setor produtivo.

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