postado em 06/11/2014 09:44
A conta de luz do brasileiro ficará ainda mais cara em 2014, segundo prevê o Banco Central. Até setembro, a autoridade monetária estimava em 16,8% o reajuste nas tarifas de eletricidade. Agora, a nova projeção é de uma alta de 17,6% este ano. A nova estimativa consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na última semana, mas que só foi divulgada nesta quinta-feira (06/11). Nela, o órgão também revê de 5% para 5,3% a projeção para os reajustes nos preços administrados em 2014, devido a variações nos preços da gasolina e do gás de botijão.Na ata, o BC explica por que decidiu elevar a taxa Selic de 11% para 11,25%, movimento que surpreendeu todo o mercado financeiro e até mesmo o governo, que só contava com a elevação dos juros apenas em dezembro, na última reunião do Copom de 2014.
Pesou para isso, mostra o BC, uma piora generalizada nos índices de preços.
Em 45 dias, o cenário para a inflação mudou drasticamente. Em setembro, quando o Copom decidiu manter a Selic inalterada em 11%, os números que ainda pesavam para a decisão eram de dois meses antes. Neles, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia avançado apenas 0,01% contra junho. À época, também contribuiu para a manutenção dos juros em 11% ao ano a média das variações mensais de inflação subjacente, que apontavam para um cenário mais confortável para a escalada dos preços. Pelos cálculos da autoridade monetária, essa média deslocou-se de 0,62%, em junho, para 0,19%, no mês seguinte.
Em setembro o cenário estava bastante diferente. Em vez de recuar frente o mês anterior, o IPCA avançou 0,57% em setembro, patamar bem acima do que previa o mercado, e que representava alta de 0,32 ponto percentual frente agosto e de 0,22 ponto sobre setembro de 2013. Em 12 meses, a inflação acumulada atingiu 6,75%, bem acima, portanto, do limite de tolerância, de 6,5%. Já a média das variações mensais das medidas de inflação subjacente, calculadas pelo Banco Central, deslocou-se de 0,41% em agosto para 0,55% em setembro.
São números que pesam diretamente no bolso do consumidor, além de prejudicarem a recuperação da economia, conforme enfatizou a ata do Copom. ;Taxas de inflação elevadas geram distorções que levam a aumentos dos riscos e deprimem os investimentos. Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração da confiança de empresários;, disse trecho do documento.
Para o BC, uma inflação elevada subtrai o poder de compra de salários e têm repercussões negativas sobre a confiança e o consumo das famílias. ;Por conseguinte, taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como de geração de empregos e de renda;, assinalou.
Riscos
O Copom mostrou preocupação com a trajetória dos preços, mas deixou claro que a elevação dos juros na semana passada serviu mais para trazer as expectativas de inflação para baixo, do que efetivamente acomodar a alta do custo de vida este ano. Prova disso é o trecho em que o órgão enfatiza que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável ;em horizontes mais longos;. ;Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, (o Copom) orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços;, mencionou trecho do documento.
Noutro ponto, o BC avalia que os riscos para a inflação subjacente no curto prazo são ;baixos;, mas revela que, se não mitigados, eles poderiam afetar, ;de forma mais duradoura;, a dinâmica da inflação no futuro. Dessa forma, escreveram os diretores do BC, cabe à política monetária manter-se ;especialmente vigilante;, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.