Agência France-Presse
postado em 07/11/2014 18:03
Bruxelas - Os ministros da Economia da União Europeia (UE) concordaram em prorrogar para setembro de 2015 o pagamento do reajuste cobrado do Reino Unido, no valor de 2,1 bilhões de euros, ao orçamento comunitário.Para o ministro britânico George Osborne, a decisão foi uma vitória de Londres em relação a Bruxelas. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, havia considerado "inaceitável" a conta apresentada em meados de outubro pela Comissão Europeia ao Reino Unido, que deveria pagá-la em 1; de dezembro.
Esse novo prazo, conseguido na reunião de ministros da Economia desta sexta-feira (7/11) em Bruxelas, significa que Londres pagará a quantia após as eleições britânicas em maio. "Conseguimos mais do que o esperado, foi um verdadeiro sucesso", comemorou George Osborne, em declaração à imprensa.
A Comissão Europeia revisou seus pedidos de aporte, como faz regularmente para todos os Estados-membros. Com essas revisões, alguns países passam a pagar menos, e outros a pagar mais, como foi o caso do Reino Unido e da Holanda na última revisão.
Após a incorporação de novos dados para o cálculo do PIB, que considera o bom momento econômico de alguns países e inclui atividades da economia informal, como o tráfico de drogas e a prostituição, Bruxelas apresentou um reajuste de 2,1 bilhões de euros para Londres, e de 642 milhões, para Amsterdã.
Em troca, reduziu a contribuição da Espanha em 168,9 milhões; da França, em 1,27 bilhão; e da Alemanha, em 779 milhões de euros. "O Conselho reconheceu o caráter excepcional da situação e pediu à Comissão Europeia que mudasse as regras para permitir este compromisso", contou um diplomata.
"Ninguém questionou os números da Comissão Europeia", afirmou o ministro espanhol Luis De Guindos em coletiva de imprensa. "Londres pagará quando quiser. A única obrigação para eles é saldar o montante em um prazo que vai até 1; de setembro", explicaram as fontes consultadas pela AFP.
As mesmas fontes confirmaram que Londres poderá pagar depois das eleições britânicas e acrescentaram que o valor do reajuste britânico não mudou.
Londres fará dois pagamentos: um, em julho; e o outro, em setembro de 2015 - relatou outra fonte europeia. "Obtivemos um prazo maior, não pagaremos juros e mudamos as regras para que isso não aconteça novamente", disse Osborne.
A comissária de Orçamento, Kirstalina Georgieva, afirmou que os ministros e a Comissão esperam que o caso não se repita no futuro.
;É insuportável;
Este acordo tem como objetivo dar uma resposta ao primeiro-ministro David Cameron, contrário a pagar a conta na data prevista, de 1; de dezembro, e que, de acordo com fontes europeias, desejava ganhar tempo pensando nas eleições de maio de 2015.
O fato é que a atitude de Cameron irrita cada vez mais seus parceiros europeus. "É insuportável", confidenciou à AFP um participante da última cúpula, realizada no final de outubro. "David Cameron foi o primeiro a insistir na necessidade de não politizar o caso e é o primeiro a fazer isso", acrescentou outro participante.
Na cúpula de outubro, quando todos os mandatários estavam reunidos, Cameron deu uma coletiva de imprensa, declarando-se "furioso" com a nova fatura, e assegurou que não a pagaria.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também mostrou sinais de irritação. "Observei bem e, quando comparo o que é dito na sala (de negociação) e fora dela, (o discurso) não bate", disse. "As cúpulas europeias servem para solucionar problemas, não para amplificá-los", acrescentou Juncker.
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Cameron se encontra sob intensa pressão nacional com o avanço do partido eurocético Ukip, de Nigel Farage, que se impôs nas eleições europeias de maio. No mês passado, o Ukip conseguiu seu primeiro assento no Parlamento britânico.