Economia

Em entrevista, ministro do Desenvolvimento defende a política industrial

Ele reclama da queixa de empresários: "É injusta a crítica"

Rosana Hessel
postado em 16/11/2014 08:15
Com um pé no governo mineiro, Borges prevê ajustes na gestão de Dilma

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, rejeita a reclamação do setor privado de que o governo Dilma Rousseff não tem política industrial de longo prazo. ;É uma crítica absolutamente injusta;, reage ele nesta entrevista ao Correio. Diante do baixo crescimento econômico do Brasil, Borges até reconhece que seria razoável uma expansão acima da verificada nos países desenvolvidos. Mas logo rejeita a comparação com a boa performance dos vizinhos, como o Peru. Aos que pedem urgência nas sinalizações para a economia no novo mandato da presidente, o ministro avisa: ela não será pautada pelo mercado financeiro. De toda forma, garante que o tripé da macroeconomia (câmbio flutuante, controle da inflação e superavit primário) será mantido. O ministro, que já entregou sua carta de demissão ao Planalto, está com um pé no próximo governo de Minas Gerais, comandado pelo seu antecessor e amigo Fernando Pimentel (PT).


Como o senhor vê a queixa de empresários sobre a falta de uma política industrial de longo prazo?
É uma crítica absolutamente injusta. Os empresários sempre carregam na tinta toda vez que fazem uma reivindicação ao governo. O Plano de Sustentação do Investimento (PSI) viabilizou projetos durante o auge da crise internacional, em 2009. Temos uma política industrial vigorosa, efetiva e altamente eficaz.



Mas a taxa média de crescimento da economia brasileira nos últimos quatro anos foi de só 1,7%.
Sim, mas não esqueça que, ano passado, o Brasil cresceu 2,5%, com todas as dificuldades reconhecidas. Se confirmarmos uma expansão de 0,3% neste ano, também não será nada horroroso se comparado à média mundial. É esperado que países menos desenvolvidos tenham crescimento maior do que os mais desenvolvidos. Parece razoável esperar uma taxa maior do que a dos Estados Unidos, do Japão e da Europa. Mas esperar que o Brasil avance mais que o Peru, sem indústria consolidada, não. Espero mesmo que cresçam mais do que nós. Essa é a lógica do mundo.

A presidente Dilma Rousseff prometeu, em 2011, atingir uma taxa de investimento de 25% do PIB, mas ela está em torno de 16%. O que deu errado?
Não deu nada errado. Estamos vivendo um período de grande dificuldade econômica no mundo e temos lá nossos problemas estruturais. Não estou dizendo que a responsabilidade é da crise internacional. Mas as soluções não são simples. A grande questão hoje é como sair dessa crise de forma organizada. Uma economia se desorganiza quando há taxa elevada de desemprego e grande queda do rendimento do trabalho. Não desmontamos emprego nem renda. Estamos felizes? Não.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação