Economia

Vale-refeição oferecido pelas empresas fica defasado para trabalhadores

Disparada nos preços da alimentação fora de casa corrói mais da metade do valor médio dos tíquetes oferecidos pelas empresas

postado em 17/11/2014 08:07
Rubens da Cunha, gerente de restaurante, reclama da constante subida nas tabelas dos alimentos e da clientela cada vez menos frequente

O tíquete da firma nunca valeu tão pouco. A inflação alta e persistente destruiu o poder de compra do vale-refeição oferecido pelas empresas como complemento salarial dos trabalhadores. O preço médio de uma refeição no país ; com prato principal, bebida, sobremesa e café ; está em R$ 30,14, enquanto o valor diário do benefício fica, em média, em R$ 13: uma diferença de R$ 17, com base nos dados mais recentes da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert). No Centro-Oeste, onde a comida é mais cara, a defasagem chega a quase R$ 18,50.

Os preços relacionados à alimentação fora de casa têm aumentado de forma disseminada nos últimos anos e em um ritmo bem acima da inflação média, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os tíquetes, negociados anualmente, não conseguem acompanhar os reajustes nos restaurantes. Desde 2010, o valor médio da refeição cresceu 65% no Brasil e, no mesmo período, os vales tiveram aumento de apenas 30%, menos da metade.

A distorção no valor dos tíquetes é um fato incontestável, sustenta o presidente Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Um dos problemas está no fato das empresas costumarem reajustar o benefício com base no IPCA geral, e não na inflação específica da alimentação fora de casa, sempre maior. O aumento de preços, acrescentou, não deve dar trégua. ;Há grande pressão por reajustes salariais dos funcionários do setor e isso afeta muito os custos do empresário;, defendeu.


Com a economia estagnada, as empresas passaram a priorizar a manutenção do nível de emprego, deixando o reajuste de vale-refeição em segundo plano. ;Infelizmente, temos de enfrentar a defasagem do tíquete. Os valores atuais não estão adequados à realidade. A conjuntura econômica adversa prejudicou muito as empresas;, comentou o presidente da Assert, Artur Almeida. Não à toa, as negociações nos acordos coletivos se acirraram quando a pauta é alimentação. E raramente os trabalhadores têm saído delas satisfeitos.

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