Economia

Irã se conforma com queda prolongada do preço do petróleo

Os 12 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reúnem no dia 27 de novembro em sua sede de Viena, em meio a um cenário de forte queda dos preços do petróleo bruto

Agência France-Presse
postado em 17/11/2014 19:11
Teerã - O Irã quer convencer a Opep a reduzir sua produção de petróleo antes da próxima reunião do cartel, embora o país pareça resignado com a queda prolongada do preço do cru, que afeta a sua economia já abalada por sanções internacionais.

Os 12 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) - que fornecem um terço da produção mundial - se reúnem no dia 27 de novembro em sua sede de Viena, em meio a um cenário de forte queda dos preços do petróleo bruto, que teve a menor cotação em quatro anos. O barril que no ano passado era cotado a 110 dólares, hoje custa 80 dólares.

Nesse contexto, o ministro iraniano do Petróleo viajou recentemente ao Catar e ao Kuwait, e na terça-feira estará nos Emiratos Árabes Unidos. Ele também já se reuniu com o chanceler venezuelano Rafael Ramírez.

"É difícil voltar aos preços anteriores, mas é preciso tentar melhorar as cotações considerando a nova situação do mercado", admitiu Zanganeh, depois de seu encontro com Ramirez.

A Venezuela -importante membro do cartel- também pede uma redução da produção na Opep para conter a queda de preços, mas "esta decisão será muito difícil", advertiu o Kuwait.

Na segunda-feira, o presidente da Duma russa, Serguei Naryshkin, afirmou em Teerã que a Rússia - que não integra a Opep- está disposta a negociar com todos os países produtores para equilibrar a cotação do petróleo, que representa a metade das receitas do orçamento russo.



;Complô da queda de preços;

Para alguns, esta queda é provocada por um excesso de oferta e pela desaceleração da economia mundial. Alguns membros da Opep, como a Arábia Saudita, seguiram a tendência do mercado e reduziram seus preços de venda.

Mas o presidente iraniano, Hassan Rohani, foi duro ao denunciar recentemente que se trata de um "complô da queda de preços", referindo-se a Arábia Saudita e Estados Unidos.

A Arábia Saudita, potência regional sunita rival do Irã xiita, aumentou sua produção em 2012 para compensar a redução das exportações do Teerã, submetido a um embargo petrolífero por seu controverso programa nuclear.

As exportações de cru iraniano passaram de mais de 2,2 milhões de barris diários (mbd) a 1,2 mbd atualmente.

O Irã, que tem a quarta maior reserva de petróleo e a segunda reserva de gás do mundo, tenta sair de sua dependência do petróleo, que continua sendo sua maior fonte de divisas.

Segundo parlamentares, o governo iraniano já prepara um orçamento com um barril "entre 70 e 80 dólares" para o próximo ano fiscal (março 2015 - março 2016). O atual período fiscal conta com um barril cotado a 100 dólares.

Essa redução afetará o próximo orçamento estatal com um "déficit das receitas provenientes do petróleo de 8 a 10%", estima Gholamreza Tajgardun, presidente da comissão parlamentar de Planejamento e Orçamento.

O analista econômico Said Leylaz não está preocupado, já que "o orçamento está cada vez menos dependente do petróleo". Além disso, Leylaz explica que o Irã vive um aumento das exportações não-petrolíferas, parte delas procedentes de produtos petroquímicos e de gás natural condensado.

Mas na opinião de outros analistas, esta dupla dependência -petrolífera e petroquímica- é perigosa por estar submetida à flutuação dos preços do cru.

Por outro lado, Teerã espera que o acordo nuclear com as grandes potências com as quais negocia resulte na suspensão das sanções. Nesse caso, o Irã terá acesso aos cerca de 100 bilhões de dólares bloqueados em bancos estrangeiros, poderá aumentar suas exportações e atrair investimentos estrangeiros.

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