Simone Kafruni
postado em 18/11/2014 08:02
A Petrobras admitiu ontem a possibilidade de reduzir o preço de ativos e realizar baixas contábeis no balanço por conta das propinas pagas na contratação das obras envolvidas nos escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava-Jato. Com isso, o valor patrimonial da empresa deve cair, assim como o que foi contabilizado como lucro pode virar prejuízo. Analistas temem a redução de dividendos pagos pelas ações ordinárias, considerando que a legislação garante aos acionistas das preferenciais um recebimento mínimo.A presidente da estatal, Graça Foster, confirmou a preocupação com a necessidade de a empresa reconhecer perdas contábeis, mas diretores da companhia negaram que isso possa afetar a distribuição de dividendos. ;O ativo pode dar o melhor retorno, mas, se há custo relativo à corrupção, obrigatoriamente você tem que baixar e descontar o valor;, afirmou Graça Foster em conferência com investidores e analistas, acrescentando que a empresa vai buscar o ressarcimento de valores onde identificar prejuízos.
O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, comentou, contudo, que o foco é no ajuste devido a fatores de corrupção. ;Se os cálculos vierem dentro das expectativas, não se espera efeito sobre dividendos;, ressaltou. A União, como acionista majoritária da Petrobras, utilizou dividendos recebidos, inclusive, para fazer ajuste fiscal. ;É difícil que esse dinheiro seja devolvido. O que pode ocorrer é algum tipo de retenção de dividendos futuros para compensar o que já foi distribuído antes;, avaliou o analista de mercado da DX Investimentos Lino Gill.
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Para o sócio da DX Felipe Chad, o mercado não trabalha com a possibilidade de distribuição de dividendos futuros. ;O que a empresa vai fazer agora é reconhecer que houve caixa dois, que saiu dinheiro por fora. Para os investidores, a estatal perde totalmente o pouco de credibilidade que ainda tinha. Ninguém sabe se os números divulgados até aqui são reais;, destacou.
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