Rosana Hessel
postado em 19/11/2014 12:21
Os escândalos de corrupção envolvendo integrantes do governo e parlamentares na operação Lava Jato devem prejudicar os investimentos no país. A afirmação é do empresário Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau e chefe da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, ligada à Casa Civil.;Isso (os escândalos de corrupção) certamente atrapalha os investimentos;, disse. Para ele, esse problema poderá atingir o processo político do país, refletindo diretamente no setor privado e na economia brasileira. ;Nada é separado. O setor público e o privado se compõe. Quarenta porcento do PIB (Produto Interno Bruto) é público e 60% é privado. Eles andam conectados;, afirmou. ;O Brasil precisa fazer avanços importantes no campo da eficiência competitiva;, completou.
Gerdau também lamentou a aprovação na Comissão Mista de Orçamento (CMO) a proposta de alteração da meta de superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano. Para o empresário, esse tipo de alteração não pode ocorrer com frequência, porque minará a credibilidade do país para os investidores.
;Dentro de uma visão clássica e econômica, acho que pode fazer isso acontecer em um ano. Mas isso não pode ser o método de trabalhar. É indiscutível;, afirmou Gerdau alertando sobre os riscos que esse tipo de ação poderá afugentar o capital estrangeiro. ;O mercado financeiro tem muitas opções no mundo. Ele vai se alocar onde o risco e a rentabilidade se conjugam da maior forma;, emendou.
Em uma sessão tumultuada, com gritaria e leitura de ata na velocidade de um locutor de corrida de cavalo, a base governista conseguiu evitar que a oposição obstruísse a reunião que teve um recesso logo no início, mas terminou por volta das 22h30. Com essa medida, o governo poderá abater da meta, em sua totalidade, os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações. O limite antes era de R$ 67 bilhões e o governo vinha prometendo entregar uma economia de R$ 99 bilhões. No entanto, até setembro, o rombo nas contas públicas estava em R$ 25,5 bilhões.
Agenda da indústria
Gerdau participou de uma reunião no Palácio do Planalto na qual o governo e o setor privado pretendem para criar uma lista de ações prioritárias do próximo governo para melhorar a competitividade da indústria. O anfitrião do evento, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, criou oito grupos de trabalho para apresentar na primeira semana de dezembro uma agenda da indústria para 11 ministérios que trabalharão em conjunto a partir de 2015.
;Precisamos aprender a fazer mais barato, com mais qualidade e com menor custo;, disse Mercadante destacando que a agenda será grande. ;Os grupos de trabalho terão prazos para entregar as propostas para as novas equipes de governo. Onze ministérios estão envolvidos;, disse ele ao lado dos ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Mercadante lembrou que essa agenda foi um compromisso que a presidente Dilma Rousseff assumiu quando era candidata e ele reafirmou durante o Encontro Nacional da Indústria (Enai), há duas semanas. A ideia é elencar as prioridades dentro das 42 propostas entregues pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aos candidatos durante a campanha.
O presidente da CNI, Robson Andrade, elogiou a iniciativa e esperam que as medidas sejam realmente implementadas. Na avaliação de Andrade, esse deverá ser o caminho para que o empresário retome a confiança na economia, que está mais baixa do que nunca. ;Isso realmente ajuda a melhorar certamente.
Hoje a gente tem um animo baixo, mas acho que isso vai criar uma expectativa positiva. Certamente a gente vai estar criando projetos bons para o país;, disse ele acrescentando que está trabalhando para entregar as propostas no dia 15 de dezembro. ;Em 2015, ainda vamos enfrentar dificuldades, mas certamente estaremos preparando a base para um crescimento consolidado do Brasil no futuro;, disse Andrade.