Economia

Ministério quer ampliar número de representantes agrícolas em outros países

Além da Arábia Saudita, a Índia, único do Brics sem adido agrícola, seria um dos países contemplados com os novos cargos

postado em 27/11/2014 14:38
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento planeja para 2015 aumentar de oito para 15 o número de adidos agrícolas. A intenção é estreitar relações e facilitar o contato entre países.

"Melhora muito a relação com as nações que integram o Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e com outros mercados importantes. É fundamental que tenhamos, 24 horas por dia, sete dias por semana, uma pessoa preocupada no local, representando, discutindo, fazendo as coisas acontecerem", disse hoje (28) Rinaldo Junqueira de Barros, representante da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura.

A questão já está em discussão, e Barros, que já ocupou o cargo de adido agrícola em Moscou, espera aprová-la ainda este mês, garantindo que a seleção seja feita no próximo ano. Com o fim do mandato, sete adidos retornaram ao Brasil e apenas um permanece em Pequim. A intenção é mantê-los nos Estados Unidos, na China, Rússia, União Europeia, África do Sul, Argentina e em Genebra, Suíça, sede da Organização Mundial do Comércio (OMC). Além da Arábia Saudita, a Índia, único do Brics sem adido agrícola, seria um dos países contemplados com os novos cargos.

"Conselheiro da embaixada, o adido garante suporte técnico para melhorar a atuação do governo brasileiro. Por exemplo, caso haja inconformidade de um lote de produtos, o adido agiliza as informações e coloca as autoridades competentes em contato mais rapidamente", salientou Barros. Segundo ele, isso evita a suspensão precipitada de importações de produtos brasileiros.

Barros participa do 2; Fórum de Agricultura da América do Sul, que ocorre até esta sexta-feira (28/11) em Foz do Iguaçu, no Paraná. Com o tema Inovação e Sustentabilidade no Campo, o evento discute o agronegócio mundial a partir da realidade sul-americana.

Também presente ao evento, Lalit Khulbe, chefe de Negócios da United Phosphorus do Brasil, multinacional indiana, afirmou que existe espaço para fortalecer transações comerciais com a Índia. "O relacionamento entre Índia é Brasil ainda não é tão forte, mas, como parte do Brics, está melhorando, e a Índia poderá ser próximo país a receber importações do Brasil", salientou.

Para Khulbe, os produtos agrícolas, pecuários e derivados são demandados especialmente pela classe média ascendente, que consome cada vez mais itens como óleo de soja, açúcar e frango. Acrescentou que grande parte da população deixou de ser vegetariana, mas, por motivos religiosos, não consome carne vermelha.


"O setor agrícola precisa ser mais agressivo nas relações internacionais. Temos competidores fortes e potenciais. Precisamos buscar parcerias no setor privado, para que possamos fazer acordos comerciais de forma mais sistêmica. Há necessidade de compromissos e acordos comerciais a longo prazo", ressaltou Barros.

O representante do pasta da Agricultura disse que as discussões sobre união aduaneira entre o Mercado Comum do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) e a Rússia são "de longo prazo". A conclusão do processo poderá tornar o mercado russo concorrente ao que é importado atualmente dos Estados Unidos e Canadá, mas não terá impacto nas importações do produto de países da América Latina.

A América do Sul posiciona-se internacionalmente no mercado de produtos agrícolas e pecuários. A região responde por 28% do mercado internacional de grãos e cereais e 30% do comércio internacional de carnes (suínos, bovinos e aves). Ou seja, um terço do mercado global de grãos e carnes é da América do Sul.

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