Economia

Quadro mundial previsto para 2015 não é favorável para Joaquim Levy

Novo ministro da Fazenda vai dispor de pouco tempo para ajustar a política econômica. País terá que contar com as próprias forças para retomar expansão

Rosana Hessel
postado em 30/11/2014 08:00

Novo ministro tem confiança do empresariado, mas precisará agir rápido

A nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, liderada pelo economista Joaquim Levy, tem pouco tempo para elaborar um ajuste fiscal e aplicá-lo a partir de 2015 para que a economia possa voltar a crescer. A mudança de estratégia foi bem recebida pelos analistas, mas sua aplicação precisará ser ágil. Além disso, o governo precisará
focar na capacidade do mercado interno, porque não poderá contar com o resto do mundo para retomar a expansão do país. Isso porque o cenário externo projetado por analistas para 2015 é de fortes turbulências. Se o Brasil não fizer a lição de casa, e logo, sairá extremamente prejudicado.

A maioria dos especialistas concorda com a avaliação de que colocar a política macroeconômica em ordem é prioritário para que o Brasil volte a crescer. A alta de apenas 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre não é suficiente para recuperar a confiança do empresariado, que só voltará a investir no país se a economia der sinais de estabilidade. Para isso, o governo precisa ser mais transparente e demonstrar controle das contas públicas, evitando gastar mais do que arrecada e deixando de lado as artimanhas contábeis para cumprir as metas fiscais. Dessa forma, o Banco Central terá mais liberdade para executar a política monetária e controlar a inflação sem precisar exagerar no aperto dos juros, que já estão entre os maiores do mundo. Sem isso, o custo do crédito não voltará para patamares que estimulem os investimentos, que despencaram de 19% para 17,4% do PIB no terceiro trimestre.

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;O Brasil tem mais desafios internos do que externos a partir de agora. Se a nova equipe econômica não recolocar o país nos trilhos, não há dúvida de que os fatores externos vão potencializar os problemas internos, que hoje são bem maiores;, alerta o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Ele recorda que, durante a crise financeira global iniciada em 2008, as nações mais afetadas foram as ricas. Hoje, o quadro se inverteu e o Brasil está entre os mais frágeis, ao contrário do que as autoridades costumam afirmar. ;Os países emergentes, de fato, tiveram períodos de bonança desde a última crise, e, por conta disso, não se ajustaram como os desenvolvidos. Agora, certamente, sofrerão as consequências de uma próxima turbulência, enquanto quem fez os ajustes conseguirá se recuperar mais rápido;, completa Agostini .

O novo direcionamento que Dilma deu à economia, ao colocar na Fazenda um técnico ortodoxo como Levy, foi muito bem recebido pelo mercado, e deu ao país um voto de confiança, adiando a previsão de rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco no início do próximo ano.


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