Economia

Facilidade de financiamento abre oportunidades para compra da casa própria

Consumidor tem até o fim do ano para aproveitar oportunidades de fechar bons negócios. Perspectiva de redução de estoques em mãos das construtoras pode provocar aumento de preços em 2015

Rodolfo Costa
postado em 01/12/2014 06:25
Realizar o sonho da casa própria está mais perto da realidade do consumidor do que muitos imaginam. Mas esse bom momento não vai durar muito tempo. Isso porque os estoques de imóveis estão sendo rapidamente absorvidos pelo mercado sem, contudo, serem repostos nas mesmas condições e velocidade. Das 18 mil unidades que o Distrito Federal tinha em oferta nos últimos dois anos, entre prontas e na planta, restam pouco menos de 11 mil. Assim, casas e apartamentos à venda começarão a ter os preços elevados em 2015. Antes do reajuste, quem quer trocar ou comprar deve agir logo. Com entrada de 10% do valor do bem, por exemplo, é possível fechar um bom negócio em Brasília.

;A disponibilidade de produtos das construtoras confere maior poder de barganha ao comprador. Contudo, à medida que as unidades são vendidas, essa vantagem se perde;, explica Paulo Muniz, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF). Desde o ano passado, o DF recebeu 44 lançamentos. Para 2015, estão previstos 35. Mas, se considerar o triênio anterior, de 2010 a 2012, quando foram lançados 207, o ritmo atual é bem modesto.


A curto prazo, a tendência é de um avanço mais tímido dos estoques e de diminuição da variedade da oferta em razão da estagnação econômica, avalia Carlos Hiram Bentes David, presidente do Sindicato da Habitação do Distrito Federal (Secovi-DF). ;A desaceleração não é do mercado imobiliário, mas da economia. Estamos com o menor crescimento dos últimos cinco anos, e todas as turbulências econômicas e políticas afetam os planos de investimento habitacional;, pondera. A reação dos negócios do setor foi sinalizada pelo Índice Imobiliário de Comercialização de outubro. Pela primeira vez desde maio, o indicador do Secovi-DF registrou alta, de 0,2% sobre setembro.

O cenário é o mesmo em todo o país, com a diferença de que ele começou a ser desenhado em Brasília. ;A gordura do mercado se acumulou aqui primeiro, e também está sendo queimada mais cedo. Para o bem ou para o mal, estamos a um passo à frente das outras praças;, diz João Antônio Guerra Neto, diretor de Negócios no Centro-Oeste da Brookfield. Das 200 unidades lançadas em 2013 pela incorporadora, cerca de 50% já estão vendidas. ;Já estou com dificuldade para colocar um apartamento de três quartos na prateleira;, acrescenta.

Escassez
O momento não é especial apenas pela iminência de escassez de imóveis à venda. Para não perder as chances de fechar negócio, construtoras e bancos vêm facilitando e ampliando as condições de pagamento. Com crédito abundante no mercado, a disputa pelo cliente está acirrada. A Caixa Econômica Federal financia até 90% do imóvel em, no máximo, 420 parcelas, com taxas de juros a partir de 8,78% ao ano (veja o quadro) mais Taxa Referencial (TR). A instituição ainda anunciou, nesta semana, que pretende ampliar em 10% o total de crédito imobiliário em 2015, que este ano deve chegar a cerca de R$ 200 bilhões. ;A gente só não vende 100% financiado porque as instituições financeiras não fazem;, observa Neto, da Brookfield.

A exemplo do segmento automotivo, imóveis usados também são aceitos como entrada ou abatimento no valor final da compra. ;Avaliamos sempre com o cliente a melhor solução. Quando nos sentamos para conversar, verificamos as necessidades e a realidade financeira;, garante Tarcísio Leite, diretor comercial de Incorporação Imobiliária do Grupo Via. Para imóveis na planta, o sinal pode ser aproximadamente de 5%, e ainda dividido em três parcelas. ;Tudo depende muito do perfil do comprador e varia de um empreendimento para outro;, emenda.

Ainda que seja mais difícil de ser concedido, há incorporadoras que aceitam diminuir seus preços. ;Não costumamos trabalhar com desconto. Mas cada caso é um caso;, afirma Pedro Ávila, diretor comercial da PaulOOctávio. Ele destaca que, se a entrada chegar a 12% do valor do imóvel, o financiamento pode ser feito com a própria construtora em até 100 meses. Mesmo quem tem outro imóvel também encontra boas condições. ;A cláusula de alienação fiduciária nos dá mais garantias de vender na hora. Na maioria das vezes, clientes sem restrições de financiamento não encontram impedimento;, salienta.

Há, ainda, construtoras que financiam o cliente. O gerente comercial da Emplavi, Wilson Charles, garante que, mediante um sinal de 20% de entrada, a empresa divide o restante em até 180 meses, com juros de 1% ao mês e correção do Índice Geral de Preços ; Mercado (IGP-M). ;Tem sido um diferencial por ser muito atrativo devido à pouca burocracia;, destacou ele.

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