postado em 03/12/2014 20:21
Em meio à escalada da inflação, o Banco Central (BC) decidiu dobrar o aperto dos juros básicos. Após ter autorizado uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa Selic em outubro, em decisão dividida, o Comitê de Política Monetária (Copom) entrou em consenso por um aperto ainda maior na taxa, dessa vez de 0,5 ponto percentual. Com isso, a Selic chegou à casa dos 11,75% ao ano - o maior patamar desde agosto de 2011, quando a taxa estava em 12% ao ano.Pesou para a decisão uma inflação ainda bastante elevada, que está há cinco anos acima da meta de 4,5% ao ano. Até outubro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 6,59%, no acumulado em 12 meses.
O Banco Central estima que a inflação recuará para "trajetória de conversão à meta de 4,5% ao ano" apenas em meados de 2016, período considerado o horizonte de planejamento da política monetária.
[SAIBAMAIS]O que poderia colocar esse objetivo em xeque, avalia o Copom, é a escalada do dólar, que contribui para elevar ainda mais os preços de mercadorias importadas e até mesmo de bens que, apesar de produzidos no país, utilizam insumos importados em sua composição - como eletrodomésticos, automóveis e outros bens duráveis.
"O dólar subiu 4% neste mês e 9% no ano, o que subtende uma nova pressão sobre os preços já elevados de produtos", disse o economista-chefe, Sul América Investimentos, Newton Rosa. Para evitar surpresas na condução da política monetária, diz o analista, o Copom deve manter o ritmo de aperto nos juros e elevar a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião do órgão, marcada para janeiro. Uma nova elevação também deve ocorrer em março, mas dessa vez num patamar menos intenso, de 0,25 ponto, acredita Rosa.
Com isso, a Selic chegaria ao fim de 2015 em 12,5% ao ano, o mesmo patamar que a taxa estava em julho de 2011. Antes disso, os juros só foram maiores em janeiro de 2009.