Economia

BC mantém inflação sob controle mesmo com "ventos contrários", diz Tombini

O presidente da instituição reforçou que os tempos difíceis na condução da política monetária são reflexo da crise financeira mundial

postado em 09/12/2014 11:43
A carestia persistentemente elevada, que estourou o teto da meta de inflação durante quatro meses consecutivos este ano, foi considerada ;sob controle; pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que disse, durante participação nesta terça-feira (9/12) em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que o controle dos preços se deu mesmo diante de ;ventos contrários; na economia internacional.

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Tombini reforçou que os tempos difíceis na condução da política monetária são reflexo da crise financeira mundial, ;que emergiu em 2008 e da recidiva que se deu em 2011;. Por conta disso, o brasileiro que não espere, pelo menos pelos próximos dois anos, que a carestia recue para o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano, que não é alcançado desde 2009. Na verdade, disse Tombini, o que se deve esperar, para os próximos meses, é justamente o contrário: uma pressão ainda maior dos preços sobre o bolso do consumidor.

;A inflação acumulada em 12 meses tende a permanecer elevada;, decretou o comandante da política monetária, acrescentando que as pressões se devem a ajustes em curso nos chamados preços relativos, sobretudo a recente alta do dólar, que tem impactos expressivos sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Tombini disse, em discurso cifrado, que a carestia se deve a ajustes nos preços ;domésticos e internacionais; e por causa do ;realinhamento de preços administrados com livres;, frisou.



Significa dizer o seguinte: se, nos últimos anos, o que pesou no bolso foram os preços salgados de alimentos e serviços, que não dependem do controle do governo, agora a fatura maior a pagar será de tarifas públicas de energia, água e de transportes públicos, que terão reajustes expressivos após anos de represamento estatal.

Tombini deixou claro que o BC trabalha para trazer a inflação para a meta de 4,5% ao ano ;o mais rápido possível;, mas reconheceu que o desafio é maior tendo em vista ;o balanço de riscos menos favorável; à condução da política monetária.

Por isso, reforçou o presidente do BC, ;não deve ser tomado como surpresa um cenário que contemple inflação acima dos níveis (do teto) da meta;. Não será uma situação inédita, já que, em 2014, durante seis meses, o IPCA já cravou o limite de meta, de 6,5%, superando esse patamar nos últimos quatro meses.

A boa notícia, disse Tombini, é que depois desse período de ;ajustes; nos preços relativos, ;a inflação deve iniciar um longo período de declínio;, assegurou. Ele frisou, no entanto, que o horizonte da política monetária ;se estende até o fim de 2016;. Mas avaliou que, uma vez tendo alcançado esse objetivo, os ganhos de se conter a escalada de preços serão permanentes para a sociedade. ;Não se pode perder de vista que os ganhos decorrentes da trajetória de metas poderão se estender por muitos anos;, disse.

Para isso, o BC conta com os efeitos ;cumulativos e defasados das ações de política monetária;, uma alusão ao ciclo de aperto nos juros básicos, retomados no fim de outubro, quando, três dias após o segundo turno das eleições presidenciais, o Comitê de Política Monetária (Copom) votou, em decisão dividida, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Na semana passada, na ultima reunião do órgão em 2014, houve novo aperto nos juros, de forma ainda mais intensa: 0,5 ponto percentual, elevando a Selic para 11,75% ao ano.

Se for necessário, assegurou Tombini, o BC será ainda mais radical na condução da política econômica, de modo a trazer a inflação para baixo. ;Não haverá complacência por parte do BC;, garantiu. Não por outro motivo, ele frisou, ;nas atuais circunstancias, a política monetária deve continuar ativa;, de modo a evitar que os ajustes de preços ;se espalhem para o restante da economia, por meio do aumento da inflação;.

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