postado em 09/12/2014 13:37
O Banco Central (BC) ainda não decidiu se renovará por mais tempo o programa de intervenção no dólar, batizado de ;ração diária aos mercados;. Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, nesta terça-feira (9/12), o comandante da autoridade monetária, Alexandre Tombini, disse que em breve terá uma definição sobre o assunto. ;Nós temos duas semanas para acompanhar o mercado e tomar uma decisão (sobre se estenderemos ou não o programa);.Em agosto de 2013, após a moeda norte-americana disparar por temores de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) pudesse reverter os estímulos àquela economia, a autoridade monetária brasileira colocou em prática uma série de medidas para tentar conter uma escalada ainda maior da divisa norte-americana. Desde então já foram despejados US$ 100 bilhões por meio de leilões de swap cambial, operação equivalente à venda de moeda no mercado futuro. O programa foi mantido em 2014, ainda que numa intensidade menor.
[SAIBAMAIS]O BC vinha sinalizando, em meados deste ano, que não encerraria o programa até dezembro, conforme previa o cronograma original. Mas, diante da escalada das tensões nos mercados internacionais nas últimas semanas, o dólar voltou a subir, alcançando a casa dos R$ 2,611 na segunda-feira, o maior patamar desde abril de 2005.
Pesou para isso um dia de movimentações fracas no mercado. Sem notícias de destaque no Brasil, os investidores voltaram as atenções para o cenário externo. A maior preocupação continua sendo com os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos, que, após terem dado sinais mais claros de retomar o crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB), podem, a qualquer momento em 2015, começar a adotar políticas de contenção do consumo interno. Os analistas prevêem que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) subirá os juros ainda na primeira metade do ano que vem.
Caso a ameaça de um aperto monetário seja concretizada, haveria menos recursos para investimentos em países emergentes, como o Brasil, que apesar de possuir os maiores juros reais do mundo, não oferece a mesma segurança ao investidor que os EUA. É pelo fato de o Brasil ter tão elevados que o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, não acredita em uma demandada geral de recursos. ;Acho que o dólar poderia ir para além de R$ 2,70, mas se o diferencial de juros (elevado) permanecer, e o petróleo em queda ajudar a fazer um resultado comercial melhor do Brasil, via aumento das exportações, acho que podemos ter um real um pouco abaixo desse patamar;, disse.
A alta da moeda norte-americana é um entrave ao controle da alta de preços pelo BC, já que um quinto dos insumos usados na produção nacional vem de fora do país. Não por outro motivo, os analistas ouvidos pela autoridade monetária na pesquisa Focus projetam também uma alta da inflação em 2015. As projeções apontam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial da carestia no país, ficará em 6,5% ao ano, na risca, portanto, do teto da meta de inflação, de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos para baixo ou para cima. Enquanto isso, o PIB cresceria apenas 0,73%.